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Ramón Díaz reencontra Coudet em Vasco x Internacional

A implacável goleada de 7 a 1 sobre o Santos afastou o Inter do fantasma do rebaixamento, mas agora Eduardo Coudet terá um reencontro com "satanás". Foi assim que, certa vez, o treinador colorado descreveu o atual técnico do Vasco, Ramón Díaz, por sua exigência nos tempos em que trabalharam juntos no River Plate.

O técnico de 64 anos comandou o ex-meia, de 49, no início dos anos 2000 no River e foi uma das inspirações de Coudet nos primeiros passos da carreira como treinador. Na noite desta quinta-feira, eles se encontram pela primeira vez como técnicos em São Januário, em lados opostos.

Se Chacho conquistou o carinho dos millonarios, Díaz é quase uma divindade. Revelado no clube, o ex-atacante liderou o River na conquista da Libertadores de 1996 e era o principal técnico da história do clube até ser superado por Marcelo Gallardo. Neste período de glórias, o atual comandante vascaíno esteve com o colorado nas taças do Apertura de 1999 e o Clausura em 2002.

A trajetória vitoriosa de Ramón Díaz à frente do River ficou marcada por sua exigência. O treinador tinha como filosofia de trabalho as constantes cobranças aos comandados para que jamais se contentassem. Em alguns casos, tamanha exigência causava desconforto no vestiário, como revelou Coudet em entrevista à ESPN argentina.

– Tenho uma relação bárbara hoje com o Ramón, mas parecia o satanás naquele momento. Era o pior que existia, um filho da p*, com todas as letras. Ele tirava o melhor de você, mas era duríssimo – descreveu.

A relação de ambos não era das melhores. O meia se incomodava com as constantes cobranças, mas existia outra barreira a superar: uma suposta desconfiança que Díaz imaginava que Chacho preferia Américo Gallego como treinador.

À época, o irreverente meia de cabelos descoloridos disputava posição com Lucho González, hoje seu auxiliar no Inter e quem sempre teve como espelho. A qualidade do companheiro aumentava a competitividade e não fazia Coudet relaxar. Porém, as cobranças de Ramón Díaz chegaram a causar episódios pitorescos.

– Uma vez, contra o Palmeiras pela Libertadores, no meio da partida, Ramón começou a apontar, gritar e dar instruções: “Chacho, Chacho, se mexe mais”. Aí o encarei: “Estou aqui, Ramón! Você me tirou há 15 minutos”. Eu estava no banco. Juro por Deus – afirmou em entrevista à revista El Gráfico.

O estilo durão de Díaz seria amenizado após a conquista do nacional. Mas ajudou a moldar o estilo de trabalho de Coudet como técnico. Na mesma entrevista à ESPN, Chacho também falou em tom elogioso sobre o antigo treinador.

– (Ramón ) ensinou que você precisa se sacrificar e estar sempre bem ao treinador. Quando pergunta como está, precisa estar sempre bem – disse Coudet. – Tenho uma teoria que, no momento, você queria matar a pessoa. Depois você assimila e quer aprender um bando de coisas – acrescentou.

Ramón Díaz também acompanhou a evolução do antigo subordinado. O sucesso alcançado por Coudet no período de Rosario Central logo no primeiro trabalho como técnico mereceu atenção do então treinador do Paraguai em 2016.

– Gosto como joga. Coudet tem demonstrado que é um grande técnico. Chacho é muito inteligente e vê muito bem o futebol – declarou ao La Capital, de Rosario.

O tempo passou e, quis o destino, que o primeiro confronto entre os dois ocorresse em solo brasileiro. Consagrado na Argentina e Oriente Médio, Ramón Díaz tenta repetir o sucesso no país e tenta manter o Vasco na elite.

Coudet ainda não alcançou o estrelato de Ramón Díaz, mas já ganhou um Campeonato Argentino pelo Racing e um Mineiro pelo Atlético-MG. Levou o Inter até a semifinal da Conmebol Libertadores e viu o sonho ruir ao tomar dois gols do Fluminense.

Inter e Vasco se enfrentam 19h (de Brasília) desta quinta, em São Januário, pela 29ª rodada do Brasileirão. O time gaúcho é o 14º colocado, com 35 pontos, enquanto o carioca é o 17º, com 30.

Fonte: ge