Ramon "chega" com a promessa de ofensividade
Engana-se quem pensa que o Vasco mudou de estratégia, ao efetivar o pouco rodado Ramon Menezes no cargo de treinador depois de emplacar dois medalhões seguidos à frente do time, Vanderlei Luxemburgo e Abel Braga. A figura de currículo vitorioso, capaz de mobilizar jogadores e administrar tensões, tão comuns em tempos de dificuldades financeiras, estará lá. Talvez não no banco de reservas, orientando o time, mas certamente dentro do vestiário. Caberá a Antônio Lopes tal papel.
A contratação do multicampeão para o cargo de coordenador técnico tem a assinatura de José Luiz Moreira, novo homem-forte do futebol vascaíno. Contou com o aval do presidente Alexandre Campello, mas antes, mesmo com a oportunidade, o dirigente não trouxe o delegado para dentro do Vasco novamente. Foi o vice-presidente de futebol quem fez o cenário mudar.
Coube a Antônio Lopes dar o aval para a efetivação de Ramon Menezes, nas primeiras conversas sobre a possibilidade de voltar a trabalhar no clube. Os dois se conhecem desde 1996, quando o então jogador foi contratado e Lopes era o treinador da equipe vascaína. O nome do auxiliar técnico permanente não foi o primeiro cogitado, mas entre uma penca de nomes oferecidos e sondagens feitas por José Luiz Moreira a técnicos portugueses, Ramon foi a escolha feita.
Ramon Menezes e Antônio Lopes serão os responsáveis por definir a nova comissão técnica que será montada. O clube deve partir em busca de um preparador físico, um preparador de goleiros e um auxiliar para Ramon. Com o departamento de futebol profissional de férias até o próximo dia 20, terão tempo para peneirar os nomes no mercado. Quando iniciarem os trabalhos, irão para São Januário: o clube está entregando o centro de treinamento alugado em Vargem Pequena e levando o futebol para a Colina por dois ou três meses, enquanto o CT próprio não fica apto para uso. Será como uma viagem ao passado antes do grande passo rumo ao futuro.
Promessa de ofensividade
Ramon Menezes terminou o curso de treinadores da CBF no fim do ano passado. Aos 47 anos, terá a primeira chance de peso na carreira como técnico. Antes de virar auxiliar permanente no Vasco, em 2019, teve passagens por Tombense, Anápolis, Joinville e Guarani-MG, nenhuma com algo a se destacar.
Quem conversa com ele no clube afirma que a visão de uma boa atuação do ex-meia habilidoso, ótimo nas cobranças de falta, é aquela de um time com disposição para ser ofensivo. O problema é que, neste período no Vasco, teve poucas chances para colocar isso em prática. Com Vanderlei Luxemburgo e Abel Braga, sempre ficou mais responsável por trabalhos técnicos específicos (cobranças de falta e finalizações) do que a parte tática ampla, da qual era mantido mais longe.
Com um ano e quatro meses na comissão técnica do Vasco, Ramon Menezes sequer teve a chance de treinar o time interinamente, por dias ou semanas, entre a demissão de um treinador e a chegada de outro. Conhecedor do elenco, suas virtudes e fraquezas, e do fatores que compõem o ambiente vascaíno em 2020 - ano eleitoral, dificuldades financeiras e cobrança por resultados -, terá a responsabilidade de sair do zero para apontar os caminhos em campo para o Vasco voltar a vencer.
Pelo menos não sofrerá da falta de retaguarda. Enquanto que Abel Braga contava basicamente com o diretor de futebol André Mazzuco e o presidente Alexandre Campello acima dele na hierarquia, Ramon Menezes terá quatro superiores, além dos dois já citados, o vice de futebol José Luiz Moreira e o coordenador técnico Antônio Lopes. O Vasco aposta na descentralização no futebol para salvar a temporada 2020 quando ela recomeçar.
Fonte: Agência O Globo