Rainha da Lambreta, ex-Vasco, quer brilhar no futebol feminino
Por pouco Byanca Brasil não virou Romarinha. Seria uma homenagem do pai, seu Átila, ao craque e ídolo. O que ele não imaginava é que sua filha também encantaria plateias com seus dribles e passes desconcertantes. Criada na periferia do Rio de Janeiro, Byanca é o novo reforço do time feminino de futebol do Bangu para o Campeonato Carioca, com chances de disputar a Copa do Brasil entre as jogadoras profissionais.
Especialista em um drible conhecido como \"lambreta\", a menina de apenas quinze anos foi artilheira do Carioca sub-15 e do Carioca sub-17 no ano passado. Mas por pouco seu destino não foi outro. Se dependesse de seu Átila, a filha teria se dedicado a um esporte bem diferente.
- Acho que foi com dez anos que comecei a fazer atletismo junto com meu pai. Ele tinha feito, mas não conseguiu sucesso e queria conseguir através de mim. Mas não deu muito certo, não gostei muito - conta a jogadora.
Após dois meses fazendo a vontade do pai, Byanca finalmente conseguiu convencê-lo a aceitar sua paixão.
- No final de dois meses, ela chorando falou: \"pai, se eu fizer isso vou fazer para te agradar. O que eu quero mesmo é ser jogadora de futebol!\" Aí eu disse: \"como assim jogadora de futebol? Nunca te vi jogar bola!\" Ela persistiu, insistiu, chorou. Isso me comoveu e eu comecei a ajudá-la - relembra seu Átila.
O início foi difícil. Byanca foi reprovada no primeiro teste, no Vasco da Gama. No entanto, a determinação da menina era tanta que o pai, impressionado, resolveu treiná-la no pequeno quintal de casa. Ele repetia o que assistia na TV usando como instrumentos uma escada e algumas garrafas pet.
Apesar das dificuldades, o esforço valeu a pena. Byanca passou no segundo teste e, a partir daí, as oportunidades surgiram e seu talento começou a ser reconhecido por colegas e treinadores. O ex-jogador Paulo Sérgio, por exemplo, que ensina meninos em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, se deslumbrou com o futebol da carioca.
- Ela sempre jogou com meninos porque as meninas não tinham condições técnicas de acompanhá-la. Realmente, ela é um taleto. Está acima da média - elogia o técnico.
Agora, Byanca sonha em seguir os passos de sua maior inspiração no futebol, a jogadora Marta, que também venceu a pobreza com muito talento e conquistou o sucesso internacional.
- Quero ser jogadora profissional, conseguir chegar à Seleção Brasileira e, se Deus quiser, ser eleita a melhor jogadora do mundo - planeja a menina.
Se depender do apoio e da confiança do pai, ela vai longe.
- Não saberia dizer onde ela vai chegar, não. Mas pela expectativa que há em mim, que há nela e nas pessoas que nos cercam, o céu é o limite.