Projetista do Engenhão garante: "Não houve gambiarra"
Interditado pela Prefeitura na última terça-feira por causa de problemas estruturais na cobertura, o Engenhão foi construído em ritmo acelerado para que ficasse pronto a tempo dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Responsável pelo projeto do teto do estádio, o engenheiro Flavio D\"Alambert, da empresa Alpha, admitiu pressa nas obras e mudança no processo construtivo devido ao prazo curto de entrega. Porém, ele nega que isso tenha interferido na qualidade do Engenhão, diz que o estádio é seguro e garante: \"Não houve gambiarra\".
\"O projeto previa a construção total da estrutura, em forma de anel, com quatro grandes arcos, e ela seria escorada até o final da obra, depois seriam retiradas essas escoras e ela entraria em trabalho uniformemente. Essa era a ideia inicial. Mas infelizmente, devido ao prazo que se tornou muito curto, teve que se desenvolver uma série de outros estudos para adaptar esse modelo. Ou seja, para se conseguir atingir o prazo de entrega da obra,a retirada das escoras foi feita por trechos, mudando as concepções iniciais\", explicou Flavio D\"Alambert, em entrevista à Rádio ESPN.
Quesionado se essa alteração nas obras por causa da pressa causou o problema que agora interditou o Engenhão, o engenehiro respondeu: \"Não, eu não colocaria isso. A dificuldade do prazo mudou o processo construtivo, mas todo esse processo foi acompanhado por nós e pelo auditor\".
O programa \"Mega Construções\" do Discovery Channel acompanhou todas as etapas de construção do Engenhão e mostrou alguns problemas durante as obras, como o amassamento de algumas partes na cobertura, que foram consertadas com reforços, ou falhas no encaixe de peças, que foram resolvidas a marretadas.
\"Apareceram alguns problemas, na hora do desmembramento do setor Oeste amassou uma peça, mas tudo que nós íamos detectando, íamos planejando os reforços e adequações, por isso que hoje me dá a segurança de dizer que o comportamento da estrutura é estável. Quando houve esse desmembramento, houve um deslocamnto superior ao que nós tínhamos previsto, mas nós nunca conseguimos chegar em uma definição do que pode ter acontecido. Pode ter sido tolerância dimensional, tolerância de montagem, maneira como ela foi carregada, existem muitas hipóteses\", afirmou o projetista responsável pela cobertura, que garantiu.
\"Não exisitiu gambiarra, tanto o Consórcio um quanto o dois eram auditados por empresas de controle de qualidade, esse processo todo foi muito seriamente conduzido. Então, não houve gambiarra\".
Em entrevista coletiva realizada na última quarta-feira, o Consórcio Engenhão explicou que o deslocamento da estrutura estava previsto no projeto inicial, mas o procedimento aconteceu em escala até 50% maior do que o planejado inicialmente. Um primeiro relatório restringia o estádio com ventos superiores a 115km/h, mas novo estudo da empresa alemã SBP aumentou a restrição para ventos de 63km/h. Com isso, o prefeito Eduardo Paes decidiu interditar o local.
O projetista responsável pela cobertura do Engenhão concordou com a interdição feita pelo Prefeito, mas explicou que os estudos feitos inicialmente em um túnel de vento no Canadá e o último realizado pela empresa alemã apresentam dados matemáticos divergentes, por isso o resultado final é diferente. Segundo Flavio D\"Alambert, o estádio é seguro no momento e nunca apresentou mais nenhuma anomalia ou deslocamento da estrutura desde que foi inaugurado em 2007.
\"Eu, assim como o prefeito do Rio, se a qualquer momento eu recebesse um laudo que indicasse qualquer possibilidade de falha na estrututa, eu também interditaria. Mas, baseando meu parecer pelo comportamento prático da estrutura, não existe nenhum dado prático que diga que essa estrutura está doente. O que a gente ve na pratica é uma estrutura estável, que já passou por diversos eventos de tempestade, com ventos muito superiores a 70 km/h, chuvas torrenciais e nunca apresentou nenhum tipo de anomalia\", finalizou o engenheiro.
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