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Primeira mulher vice-presidente do Vasco sofreu preconceito

Primeira mulher na história do Vasco a sentar na cadeira de vice-presidente, Sônia Maria Andrade dos Santos foi atacada nas redes sociais assim que Alexandre Campello venceu as eleições e assumiu o poder. A advogada de 54 anos chegou a pensar em desistir de trabalhar na nova gestão, mas decidiu ignorar os xingamentos e colocar em prática seus projetos para reformular a imagem do clube: mediar conflitos políticos, fazer a torcida ‘jogar junto’ e trazer mais mulheres para trabalhar com ela.

“Durante todos esses anos, as mulheres tinham dificuldade até mesmo de frequentar as dependências do Vasco. Não eram escutadas. A mentalidade é machista. Eu fui uma exceção. Mas nas redes, perguntam coisas como ‘quem é essa vagabunda?’. Pensei no que fazer. Sair ou continuar? Mas minha história é voltada para luta. Decidi não ler mais nada. O Campello foi à delegacia denunciar, porque a esposa e a filha dele também foram atacadas. Mas a única forma de conseguir mudar a realidade é com meu trabalho”, contou ao espnW.

Registradora pública e fundadora da ONG Instituto Novo Brasil – que leva regularização habitacional a moradores de comunidades carentes do Rio de Janeiro e atende crianças vitimadas por HIV, câncer e violência doméstica –, Sônia é vascaína desde que nasceu, sempre frequentou estádios e se aproximou do clube do coração quando decidiu ampliar sua área de atuação para o esporte.

Ela conheceu Alexandre Campello há 15 anos, dentro da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação. Então, se aproximou do grupo político do médico na gestão de Roberto Dinamite, quando o Vasco passou a organizar anualmente a ação Cidadania Vascaína, com o oferecimento de diversos serviços à população, incluindo os de cartório, área de atuação da registradora.

Nova diretoria tomou posse no início da semana Divulgação

Sônia se tornou sócia do clube carioca em 2011. Em novembro do ano passado, foi indicada ao Conselho Deliberativo e o próximo passo foi a indicação à vice-presidência. Entre seus projetos dentro do Vasco, um deles é aumentar o poder feminino na tomada de decisões.

“Sem dúvidas quero trazer mais mulheres para trabalhar ao meu lado. Quero começar pelas esposas dos integrantes da diretoria. Podemos oferecer um outro olhar aos debates, também servindo como mediadoras de conflitos políticos. Quero preparar mediadores, assim como faço nas comunidades. Outro objetivo é cuidar da base, de jogadores que moram longe e não têm dinheiro para passagem.”

Mas Sônia acredita que a fórmula para mudar a imagem do Vasco tem nome: torcedores. “Para levarmos o Vasco aonde ele tem que estar, precisamos da torcida apoiando. Se não investirem no clube indo aos jogos, se tornando sócios e comprando camisas, não vamos conseguir. Ou apoiam ou vamos continuar na mesma situação em que nos encontramos hoje. Não existe outro caminho. A torcida é mais importante até mesmo que um grande patrocinador.”

A gestão de Alexandre Campello já começou sob reprovação de parte de torcida, por contar com o apoio de Eurico Miranda. A cerimônia de posse, no início da semana, contou com o ex-presidente sentado à mesa. Mas a advogada garante que estão em lados opostos. “Não temos nenhuma ligação. Sempre fomos oposição. Ele estava lá porque pertence ao Conselho. Não podemos descartá-lo da história do Vasco.”

Fonte: ESPN Brasil