Torcida

Presidente do Corinthians emite nota sobre tumulto em Brasília

O Corinthians ainda não sabe qual será a punição do STJD, após as confusões entre torcidas no jogo contra o Vasco no Mané Garrincha. Nesta quarta-feira, o presidente Mario Gobbi decidiu solta uma nota oficial sobre os acontecimentos.

Ele afirmou que é preciso punir sim as pessoas envolvidas na situação, mas disse que nada tem com o ocorrido em Oruru. Dois torcedores envolvidos na briga estavam entre os presos na Bolívia. Ele disse que a lei serve tanto para livrar como para punir.

Gobbi também negou a responsabilidade do Corinthians em punir ou investigar. Ele acredita que é uma função da polícia fazer e cuidar de todo o ocorrido em Brasília.
Veja a nota oficial:

Muitos têm me pedido uma posição sobre a briga entre torcedores do Corinthians e do Vasco, ocorrida domingo, no estádio Mané Garrincha, durante o jogo das duas equipes.

Pois bem, ainda que ontem o clube tenha soltado nota oficial clara dizendo-se a favor da severa punição dos envolvidos, respeitando sempre o que manda a lei brasileira, volto a expor minha opinião.

Sou favorável a punição de TODOS os culpados pelo ocorrido, sejam eles torcedores de qualquer time, vinculados ou não às torcidas organizadas.

Importante salientar que defendi, sim, os doze torcedores de Oruro, já que contra eles naquele episódio específico não havia prova que justificasse suas prisões.

Entretanto, eu nunca disse que aqueles 12 torcedores teriam salvo conduto ou que jamais estariam envolvidos em problemas futuros. Se agora o estão, que pese sobre eles a lei, a mesma lei que os tornou livres anteriormente.

Mas veja, essa questão de investigar, identificar e punir os culpados não é obrigação do Corinthians ou de qualquer outro clube, ou entidade esportiva. Cabe tão somente aos poderes do Estado.

É também dever do Estado, proporcionar estudo, educação, cultura, emprego, distribuição de renda, moradia, justiça, segurança pública, enfim, uma vida digna ao seu povo, dentro de uma sociedade justa, o que podemos reduzir em cidadania.

Para saber se um país cumpre sua função social, basta verificar a estatística dos ilícitos. Este índice será ínfimo naquelas localidades que desenvolvem suas obrigações na formação dos adultos de amanhã.

Não me parece razoável cobrar de associações e de seus dirigentes aquilo que o Estado deveria fazer.

É egoísta e simplista pinçar do mundo jurídico somente os direitos que lhe agrada, criando-se uma sociedade alternativa, segundo suas vontades e convicções.

Defender a cidadania, dentre outros, é empunhar a bandeira do direito de ir e vir, da liberdade de expressão, da presunção de inocência, da liberdade de manifestação, da ampla defesa, do contraditório, da vida, do acesso ao judiciário, da educação, da cultura, etc. Enfim, são cláusulas pétreas e liberdades clássicas consagradas na Lei Maior e que nos dá sustentação a viver num país livre, com respeito ao próximo.

Sou a favor do debate sério sobre o tema. Sem soluções mágicas ou simplistas que possam resolver essa questão sem amparo legal, sem apoio e participação do Estado, da imprensa e demais setores da sociedade civil. Com o objetivo de discutir não só os efeitos, mas principalmente as causas geradoras da criminalidade, cobrando-se os responsáveis.

Já vimos o fim das bandeiras, a extinção de torcidas, jogos com portões fechados, jogos em praças distantes e nada disso resolveu o problema da violência.

Ou tratamos toda a questão com a responsabilidade que ela exige, ou estaremos daqui uma semana, um mês ou um ano, apontando mais uma solução genial para o tema.

Mário Gobbi Filho
Presidente do Sport Club Corinthians Paulista

Fonte: Goal