Prazo para boicote de clubes na base se encerra e assédio pode retornar
Até dezembro, por causa de um acordo firmado entre os times, ninguém mexia com jogador de ninguém. No entanto, a partir de agora, quem não conseguiu o Certificado de Clube Formador (CCF) não poderá mais se apoiar no código ética criado nas categorias de base em 2012 para se resguardar. O documento, que esteve por trás do boicote formado contra o São Paulo ao longo de boa parte da última temporada, não terá o mesmo peso de antes.
O prazo para a busca do selo da CBF havia sido combinado entre as equipes como uma forma de pressioná-las a se adequarem à Lei Pelé e, assim, garantirem o cumprimento de uma série de exigências no trabalho de formação como assistência médica e educacional.
Com o fim da data limite para a obtenção do Certificado de Formação, a expectativa é de que o assédio aumente no mercado, especialmente, sobre jovens jogadores de clubes não protegidos legalmente.
"Quem ficar encostado no código de ética vai se dar mal. O clube que não tiver (essa chancela da CBF), infelizmente não vai poder se proteger. Não tem como fazer isso e prejudicar o atleta, outra parte interessada nesse processo e que obviamente deve ser considerada", afirma o gerente de futebol de base do Atlético-MG, André Figueiredo, ao ESPN.com.br. Ele é um dos líderes do movimento pela maior organização na base.
"Até mesmo as chances de boicote como o que aconteceu com o São Paulo serão mais remotas. É a mesma situação que o time perder o atleta porque não paga fundo de garantia, vai querer que a ética entre onde? A ética entra apenas onde a lei não está atuando", completa Figueiredo.
Acusado de envolvimento em diversos casos de suposto aliciamento em 2013, o São Paulo confirmou a sua intenção de respeitar a partir deste momento as equipes que cumprirem com a legislação, voltando à carga no mercado.
"Não tenho contato com esse pessoal (do código), mas o compromisso (para a busca do certificado) era até o final do ano", diz o gerente das categorias de base do São Paulo, José Geraldo de Oliveira. "Se o pai do menino me trazê-lo aqui, eu tenho que olhar. Se tiver informação de que o garoto é diferente, posso contratá-lo. Se for bom para o São Paulo, posso fazê-lo. Não saio daqui (de Cotia), não vou na porta de nenhum clube, apenas tenha a informação", prossegue.
Ao todo, aderiram ao movimento que pedia a exclusão do tricolor paulista da atual edição da Copa São Paulo os quatro grandes do Rio de Janeiro (Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco), os três de Minas Gerais (Cruzeiro, Atlético-MG e América-MG), Vitória, Sport e Coritiba.
Menos da metade deles havia assegurado até o fim do ano passado o certificado da CBF que atesta as condições ideais para formação e proporciona benefícios como a busca de apoio através de leis de incentivo ao esporte, indenização na transferência de jogadores a partir dos 14 anos e recebimento de porcentagens em futuras negociações no exterior.
Segundo os times, parte da culpa pela ausência do selo está ligada à demora do processo nas federações, responsáveis pela emissão dos mesmos.
Se as dificuldades enfrentadas pelos grandes para conseguir a chancela chamam a atenção, elas são ainda maiores entre os pequenos. Sem a mesma estrutura, eles deverão ser obrigados a sobreviver a base de parcerias para não perderem suas promessas sem custos.
"Um caso será o clube perder o atleta por não fazer contrato de formação e outra ser assediado. São duas situações diferentes. Precisamos ficar atentos", conclui o gerente de futebol de base do Atlético-MG, André Figueiredo.
Fonte: ESPN Brasil- SuperVasco