Pouco depois de virar titular no Vasco, Andrey completa 18 anos
Nascido e criado em berço vascaíno, Andrey Nascimento dos Santos acaba de completar 18 anos, mas já pode se considerar realizado. Afinal, antes mesmo de atingir a maioridade, realizou sonho que cultiva há 12 anos, desde que iniciou nas categorias de base do Vasco: se tornou profissional e, de quebra, ganhou a titularidade no meio-campo do time de Zé Ricardo.
A nova fase faz o atleta amadurecer às pressas e assumir responsabilidade de gente grande. No Vasco, Andrey até tem tratamento especial e um cuidado extra para que se desenvolva sem pressão, mas a confiança que ganhou da comissão técnica o faz esquecer que ainda é um menino. Quem não esquece é a dona Jordânia, que vê o filho crescer rápido demais e até prefere não assistir aos jogos no estádio, para preservar o coração de mãe coruja.
- Ela brinca comigo, me chama de "meu bebezinho", eu falo "pô mãe, para com isso" (risos). Passou tão rápido, hoje estou no profissional realizando meu maior sonho, já sou maior de idade. Mas minha maturidade vem de cedo, desde novo eu jogo categorias acima da minha idade. Um dos meus maiores sonhos é fazer história no clube e continuar tendo oportunidades no profissional, e isso tem acontecido na minha vida - disse Andrey em entrevista ao ge.
Assista no Globo Esporte, a partir de 13h, à reportagem com Andrey!
Não é só aos olhos da mãe que o tempo passou rápido. Andrey é considerado um prodígio em São Januário, tanto que é o atleta mais jovem da história do clube a estrear pelo profissional. Nos últimos 12 anos, pulou etapas e virou figurinha carimbada nas convocações das seleções de base até chegar ao time principal do Vasco aos 16 anos. Pouco mais de um ano depois virou titular.
A presença da família na vida do menino é fundamental para a carreira profissional. Ele até chegou a viver um tempo no alojamento do clube, mas nos últimos anos é acompanhado de perto pelos pais e a irmã, que se mudaram com o jogador para ficarem mais perto do centro de treinamentos do Vasco. Os puxões de orelha são constantes, mas o incentivo é maior, e Andrey é o orgulho da família.
- Desde novo converso bastante com meu pai (André), tenho um apoio familiar muito bom. A gente fala que o futebol está cada vez mais precoce. Então já tinha isso em mente e vinha planejando subir o mais rápido possível, olho para trás e vejo como passou rápido, mas também sempre tive cabeça e foco para alcançar o que estou vivendo agora - afirmou Andrey, que completou:
- Sempre falo com meu pai sobre tudo, mas especialmente sobre me fixar no profissional. Sempre sonhei em me tornar um dos jogadores mais jovens a estar no profissional. E ele também me falou: "Quero que você termine a escola antes de chegar ao profissional". Não deu outra, me formei e logo subi para o profissional. O apoio dos meus pais e de toda a família é muito importante.
Para realizar o sonho, precisou abrir mão de muita coisa, como o "chinelinho" nas ruas de Bangu. Aquele garoto que marcava gols em traves delimitadas com chinelos não existe mais. Mas da essência e da alegria de jogar bola Andrey não abre mão.
- Infelizmente ou até mesmo felizmente eu não posso mais participar desse chinelinho, mas quando eu volto lá na minha origem, na minha comunidade, eu vejo muita gente brincando e fico feliz em saber que essa tradição continua. Mas meu foco é o meu sonho de criança. A torcida pode esperar sempre eu sendo esse Andrey da base, dando meu melhor e dando a vida por essa camisa.
Em meio ao espaço que vem conquistando no Vasco, Andrey traça novos objetivos a curto prazo e quer ser o jogador que a torcida espera. Para isso, sabe que precisa de mais tempo no clube e tem o desejo de ficar. Com contrato até agosto de 2023, o volante conversa com a diretoria para acertar a renovação. Para alegria dos vascaínos e da família.
- As conversas estão bastante alinhadas e creio que em breve teremos tudo concretizado. Claro que eu quero ficar! - declarou Andrey, que acrescentou:
- Nasci em berço vascaíno. Vim muito novo para o Vasco, com seis anos, e meus pais sempre foram vascaínos. Minha irmã Andressa é fanática, fica mais apaixonada com o caldeirão lotado toda vez que a gente joga em São Januário. Ela grava vídeos na arquibancada. O clube acolheu a mim e minha família durante 12 anos, me deu alimentação, escola, me formou como homem e hoje está me formando como profissional. Minha gratidão é transformar em campo dando alegria a todos os vascaínos.
Nas próximas semanas, Andrey vai precisar dar uma pausa de Vasco para atender ao chamado do técnico Ramon Menezes, que o convocou para um torneio com a seleção brasileira sub-20. O volante vai se apresentar no dia 8 de junho e será desfalque apenas contra o Cruzeiro, no dia 11.
- É um sonho de todo menino representar seu país. Passei por todas as categorias de base da Seleção e hoje estou na sub-20. Foi difícil chegar e espero me manter. Mas até eu me apresentar estou 100% concentrado no Vasco. A Seleção é um reconhecimento do que estou fazendo no clube e lá adquiro muita experiência porque estou com os melhores, essa troca ajuda demais.
Muito provavelmente com Andrey entre os titulares, o Vasco volta a campo às 19h desta quinta-feira, em São Januário, contra o Brusque, pela nona rodada da Série B - siga o jogo em TEMPO REAL, com vídeos dos principais lances.
Mais sobre o papo com Andrey:
Titularidade
- É uma experiência incrível ser titular, me ajudou bastante na maturidade, o grupo vem me ajudando muito também. Todo mundo me apoiou, me sinto à vontade no elenco, isso é fundamental para minha adaptação. Espero mostrar meu futebol e dar meu melhor com personalidade para me manter firme na titularidade.
Conversas com Zé Ricardo
- O professor conversa muito com o elenco e também tem conversas individualizadas. Estou vendo minha evolução nos treinos e nos jogos e acho que vou evoluir mais até o fim do ano. Ele geralmente fala para eu escaniar, geralmente quem joga mais por dentro, para saber o que está acontecendo ao redor antes mesmo de a bola chegar. Ele me passa uma experiência incrível.
É mais próximo de quem no elenco?
- Não tem só um, o grupo todo é muito unido, mas ressalto o Nenê, que está sempre junto comigo. Também tem o Anderson Conceição. No meu primeiro jogo como titular eu comecei a aquecer com a chuteira desamarrada, ele mandou eu amarrar e deu aquele puxão de orelha, mas levo tudo como incentivo e crítica construtiva.
Ansiedade
- É fundamental o trabalho feito pelo clube, estou sempre conversando com a psicóloga Maíra para controlar a ansiedade, nervosismo, aquele friozinho na barriga. Isso ajuda bastante.
Momento marcante em 12 anos de Vasco
- Logo quando eu cheguei no Vasco, nos primeiros seis meses, teve um clássico contra o Fluminense, a gente estava perdendo de 2 a 0, eu entrei e fiz a diferença, marquei três gols e vencemos por 3 a 2.
O que espera realizar no Vasco?
Eu queria fazer o Vasco voltar à Série A, essa é nossa meta hoje. Espero dar muita alegria para o torcedor e carimbar meu nome na história do clube.
Fonte: Globo Esporte