Possíveis eleições diretas no Vasco gera comentários de líderes políticos
Presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro ateou fogo na sempre quente política do Vasco. Ao convocar para o dia 8 de novembro uma reunião em que será votada a mudança no modelo de eleição para presidente do clube, acelerou as discussões a respeito da pauta que pode mudar completamente as relações de força em São Januário.
As diferentes correntes políticas do clube discutem o movimento de Monteiro, que se declarou a favor do voto direto para presidente. Até novembro, as discussões deverão ser acaloradas. Há grupos numerosos tanto a favor da mudança quanto contra, com todas as nuances e condicionais que a pauta exige. Depois que passar pelo Conselho, a questão passará pela Assembleia Geral. Mas o fato é que está nas mãos dos 300 conselheiros a mudança ou não do processo eleitoral.
Na reunião do dia 8 de novembro, será sugerida uma mudança no estatuto: os sócios votantes na Assembleia Geral elegerão diretamente o presidente administrativo e os dois vices gerais, além de 150 membros do Conselho Deliberativo.
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Atualmente, o presidente do Vasco é eleito de forma indireta, pelos 300 membros do Conselho Deliberativo, 150 natos e outros 150 eleitos.
No molde sugerido por Monteiro, a votação seria com maioria simples para chegar a uma decisão. Há também a discussão se a pauta não deve ser votada como parte da reforma do Estatuto e com isso exigir maioria qualificada - dois terços dos votos.
Na prática, a mudança aumentaria a relevância do voto do associado na Assembleia Geral e diminui o poder do conselheiro, especialmente o nato, que compõe também o Conselho de Beneméritos.
Veja o que defende algumas das principais lideranças da política vascaína:
Alexandre Campello, presidente do Vasco
"Sou a favor desde que tenhamos mecanismos de defesa do clube. Por exemplo, mecanismos que evitem que alguém sem nenhum vínculo ou conhecimento do clube possa pagar um mensalão e assumir a direção".
Carlos Leão, conselheiro do Vasco e líder da Cruzada Vascaína
"Entendemos que é um passo muito importante para maior democratização do Vasco da Gama. Porém entendemos que deve haver outras modificações que dê maior segurança ao processo. O tempo para adquirir direito a voto deve aumentar para dois ou três anos. Entendemos que três seria melhor, mas dois anos pode atender. Candidato à presidência da Diretoria Administrativa deve ter pelo menos um mandato a conselheiro (o que implica em pelo menos oito anos de associação). Manteríamos o tempo para elegibilidade em cinco anos. Entendemos que o mandatário é a alteração no tempo para adquirir direito a voto. Três anos com uma reeleição já é assim. E os requisitos para o candidato é discutível. Nossa proposta é essa, mas vale a discussão. Entendemos também que a modificação não deve alijar ninguém do processo em 2020. Até porque a lista de eleitores está praticamente fechada. Podemos aprovar agora, mas se necessário aceitamos colocar um dispositivo transitório pra 2023. Importante lembrar que eleição direta por si só, não é garantia de um processo limpo. Ressalto que as fraudes comprovadas foram feitas na Assembleia Geral onde se dará a proposta eleição direta".
Eurico Brandão, conselheiro do Vasco
"Eu acho que estão jogando para a galera, para depois não aprovar. Estão tentando um golpe para tirar o voto qualificado. Acho que tem de ter voto qualificado e ir para a Assembleia Geral, assim eu concordo. Se for um instrumento para ganhar apoio popular, eu sou contra. Do jeito que está desenhado, estão arrumando uma maneria para pressionar todo mundo a ser a favor, já que a opinião pública pede isso. Tem de ver o que está por trás disso. Outra coisa, acho fora do proposito, se vai ter mudança, que se vote para 2023. Não faz sentido beneficiar esse ou aquele grupo agora. Dentro do discurso de ética que tanto defendem, que se faça as mudanças que precisam ser feitas para 2023. Para 2020, com o processo eleitoral já lançado, é golpe".
Fred Lopes, conselheiro do Vasco e líder da Avante Gigante
"Sou favorável a eleição direta porque acredito que o sócio tem direito de escolher seu candidato além da chapa que já elege".
Julio Brant, conselheiro do Vasco e líder da Sempre Vasco
"Estamos diante da possibilidade real de recolocar o Vasco no curso de sua história. Eleições diretas é um desejo de todos os vascaínos. Dar voz aos sócios e aos torcedores é a vocação de um clube que lutou pela inclusão pioneira de negros, imigrantes e pobres no futebol brasileiro. Sem dúvida, acredito que a eleição direta seja o principal marco de resgate da credibilidade do Vasco e um importante instrumento para o futuro do clube. Ser contra é colocar em risco os 121 anos que o Vasco acaba de completar".
Luis Manoel Fernandes, conselheiro do Vasco
"Não sou contra a discussão, mas ela não pode ser tratada como um assunto isolado, tem de compor a discussão da reforma do Estatuto. Não é um momento adequado para essa discussão. O risco é que a disputa eleitoral contamine a dicussão. O que eu acharia mais adequado é que essa discussão seja realizada após o próximo período eleitoral".
Otto de Carvalho Júnior, conselheiro do Vasco
"É óbvio que concordo com a eleição direta, mas tem de ser entendido de que forma será colocada. Ela protege o sócio, mas é preciso ver como isso será colocado. Já fiz proposta até de voto pela internet. O Vasco precisa de uma modernizção global do Estatuto. Temos de entender quais são os interesses reais de quem propôs essa votação. O voto direto é um anseio do sócio do Vasco, moderniza o clube, mas temos de entender como vai ser feito. Sempre votei pela vontade do sócio, inclusive na eleição do Brant. Não participei da tramoia de 2017 e a vontade do sócio tem de ser respeitada, indepenendentemnte do benemérito gostar ou não de quem foi o escolhido".
Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo do Vasco
"Isso sempre foi uma bandeira minha, desde 2014, quando concorri para presidente. Acredito que ela dará mais transparência para o processo político do Vasco. Uma gestão moderna não acontece sem eleição direta".
Sérgio Frias, conselheiro do Vasco e líder do Casaca!
"Se houver uma mudança estatutária, não tem problema. Quando você tem um associado qualquer, que nunca tenha ocupado um quadro no clube, eu acredito que seja ruim para o clube, que tem um funcionamento interno que é peculiar. É preciso ter conhecimento de Vasco, suas singularidades, peculiaridades, problemas. A visão interna disso. É preciso ter uma proteção estatuária. Eu defendo três pontos: que o associado tenha no mínimo três mandatos no Conselho Deliberativo, que tenha pelo menos um triênio com um cargo na administração do clube e que ele, querendo se candidatar, tenha a anuência do Conselho de Beneméritos, de um quinto dele. Com a chapa vencedora de 120 conselheiros e mais 30 beneméritos, esse presidente teria condição de tocar a vida política do clube".
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