Por onde anda? Paulo Roberto, ex-lateral do Vasco: sucesso empresarial
A mesma qualidade e eficiência que desempenhava na lateral-direita dos principais clubes do Brasil nas décadas de 80 e 90, o vitorioso Paulo Roberto procura oferecer aos jogadores que hoje estão na vitrine e que são atendidos pela empresa de assessoria e consultoria esportiva que mantém ao lado do ex-goleiro Taffarel. O time que defende agora tem 15 atletas e entre eles está o atacante Fernandão, do Sport Club Internacional.
Foi do escritório da dupla, situado em um dos pontos mais valorizados de Porto Alegre, que o ex-jogador assumiu as funções administrativas enquanto o amigo e sócio - e goleiro do Brasil na conquista do tetra no Estados Unidos -, faz um giro de trabalho na Itália, depois de assistir alguns jogos da Copa da Alemanha. A parceria começou há pouco mais de um ano.
O futebol ele largara em 1997, tendo o Fluminense como seu último clube. Largou por não ter mais a aquela mesma motivação para viagens, concentrações e jogos. A família também pesou na decisão, pois os filhos cresciam e as constantes mudanças de cidade prejudicavam o desempenho escolar. Além do mais, lembra, \"o Fluminense não pagava direito, eu não tinha mais ânimo e tem um dia que chega a hora de parar, não é?\"
Foi alguns meses depois de uma prolongada folga que o destino começou a definir sua trajetória, então incerta. O empresário Francisco Novelleto, presidente do Esporte Clube São José, clube da zona norte da capital gaúcha - e atual presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) -, o convidou para assumir a coordenação do esporte profissional. Porém, o espírito vencedor que caracterizou sua carreira, Paulo Roberto não encontrou no Zequinha, conhecido como o clube mais querido de Porto Alegre.
\"O São José é um clube legal e tranqüilo, mas não sai dessa, o pessoal não pensa em crescer. Do jeito que está é bom, mas eu queria mais. O 15 de Novembro aparece, o Glória chega, até o São Gabriel já disputou uma Copa do Brasil\", compara.
E na seqüência, buscando novas motivações, começou na própria casa a se dedicar à consultoria esportiva. Foi naquele momento que reencontrou Taffarel, com quem jogara na Seleção e no Atlético-MG. Paulo Roberto conta que era visível o sentimento de incerteza e dúvidas sobre largar o futebol, que o goleiro demonstrava.
\"Ele não sabia se abria um restaurante lá fora ou morava no Brasil. Fiz a proposta. Depois de um ano de férias, ele ligou, almoçamos e começamos a trabalhar juntos\", lembra um dos maiores laterais da história do Grêmio, que antes de receber a reportagem do Pelé.Net - no escritório localizado na esquina das charmosas ruas Carlos Gomes e Nilo Peçanha -, finalizava uma reunião com o goleador Fernandão, ídolo da torcida colorada. \"Ele é o principal jogador em atividade no Rio Grande do Sul e trabalha conosco\", disse, com orgulho, Paulo Roberto.
\"Nós estamos com 12 a 15 jogadores. Não queremos uma quantidade exagerada para depois não poder trabalhar dando a todos a atenção devida\", revela. Demonstrando estar levando para a nova atividade o velho, bom e necessário espírito de equipe, acrescenta: \"Como jogamos futebol, queremos ter o atleta certo e correto ao nosso lado, para crescermos juntos. Assim como tivemos um nome limpo nos gramados e nos clubes, queremos passar isso nesta nova área\", justifica.
A relação, enfatiza, tem que ser limpa e transparente. \"Todo mundo têm que ganhar e quando for estipulado tanto, será tanto. A transação deve ser correta e honesta. Ninguém vai levar nada por fora. O jogador ganha o dele e a gente o nosso. A gente tem trabalhado desta maneira e tem dado certo, tanto que os jogadores passam isso de um para o outro\", revela.
Michel, exemplo da boa relação - Dedicado à nova profissão, Paulo Roberto não deixa de acompanhar o futebol, nunca, para assim descobrir novos talentos. Mas, faz questão de deixar claro, não fica no alambrado oferecendo propostas
milionárias e cartões de visita: \"Se existe o interesse, eles nos procuram\". E a maioria desses que os procuram, depois de uma reunião acabam fechando contrato.
Um jovem talento da lateral-direita, que não chegou a emplacar no Inter, é o atual titular do Cruzeiro. Michel foi parar na Toca da Raposa por sua indicação. Paulo Roberto lembra que com convicção indicou o atleta, fazendo a ele inúmeros elogios. Com credibilidade e livre trânsito na diretoria do clube mineiro, ouviu de um dos dirigentes, em tom de brincadeira: \"Se você não conhecer o potencial de um lateral-direito, quem vai conhecer, né?\"
Uma semana de treinos bastou para o Cruzeiro decidir pela contratação de Michel.
No Grêmio, em Tóquio, o momento máximo - Paulo Roberto assumiu a lateral-direita do Grêmio quando tinha apenas 18 anos. Fora descoberto no Tamoio, de Viamão, clube que ainda hoje, por vezes, veste a camisa para algumas \"peladas\" dominicais com os amigos.
Ele foi decisivo na vitória do Grêmio sobre o São Paulo, no Morumbi, na conquista do Campeonato Brasileiro de 1981, o primeiro do clube que até então limitava-se a conquistas regionais. De seu pé direito partiu o cruzamento para a área de Waldir Perez. Renato Sá escorou e Baltazar, o \"artilheiro de Deus\", dominou no peito e mandou no ângulo, fazendo 1 x 0 para os gaúchos. Na seqüência ajudou o time a conquistar a Libertadores e o mundo. Sua última partida no clube gaúcho foi justamente contra o Hamburgo, da Alemanha, na decisão do Mundial de Tóquio de 1983.
\"Foi uma passagem de glórias. O Mundial, que é o título mais importante da minha carreira, ganhei no Olímpico\", recorda. Mas, quando retornou de férias, foi surpreendido com a notícia de que havia sido vendido ao São Paulo. Não teve a alternativa de permanecer e com apenas 19 anos, acabou se despedindo do Grêmio. Cedo e contra o seu desejo.
Mas é o teimoso destino que age por conta própria e arbitrariamente decide: \"A minha vontade não era sair do Grêmio, quando fui negociado e tive que ir. Mas depois, tanto profissional como financeiramente, vi que tudo acabou sendo positivo\".
A peregrinação no centro do País e o acerto com o VASCO - A partir daí, Paulo Roberto fez uma verdadeira peregrinação pelos grandes clubes do Brasil e na maioria colocando faixas de campeão. O Santos pode ser considerado uma exceção. Chegou logo após a conquista do paulista de 1984 e diz que embora, por isso, a pressão não fosse grande, a estrutura do clube era precária, com atrasos nos salários, e não fazia prever o sucesso. \"O campo da Vila Belmiro era muito ruim e às vezes treinávamos até no quartel\", revela.
Ao final do ano e com a conquista da Copa Kirim, no Japão, optou por não retornar ao Peixe e no Vasco da Gama, iniciou novo capítulo da história. \"Fizemos um baita time e conquistamos Taça Guanabara e títulos cariocas\" conta com entusiasmo, citando nomes de companheiros como Acácio, Giovanni, Mauricinho, Donato, Mazinho e Romário - esse em início de carreira.
No segundo semestre de 89, Paulo Roberto deixou São Januário e vai para o Botafogo, contratado pelo então presidente Emil Pinheiro, declarado admirador do seu futebol. \"Ele tinha dinheiro, fez uma proposta boa para o Vasco e para mim, e acabei me transferindo\", lembra Paulo Roberto, que no ano seguinte ajudou o clube da Estrela Solitária a vencer o estadual carioca sobre o Vasco.
Por fim, lembra que na passagem pelo futebol mineiro, ajudou o Cruzeiro a vencer, entre outros, a Copa do Brasil de 1993, justamente sobre o Grêmio; e no Atlético, em 1995, participou da quebra de um jejum de seis anos sem o titulo estadual.
Por tudo isso, feliz e realizado, o ex-jogador assegura que não tem do que reclamar do futebol, até porque a relação continua forte. \"Joguei em clubes grandes e em todos tenho portas abertas. Até hoje comento com meus filhos sobre isso e sempre agradeço por tudo que aconteceu.A minha carreira foi abençoada. Deus me deu a estratégia de estar sempre na hora e no lugar certo\".
Os nomes dos
filhos que tem com a esposa Cláudia confirmam uma relação de crença: Matheus, 13 anos, e Lucas, 11.
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