Torcida

Polícia monitorará brigões em sites e redes sociais

O Núcleo de Apoio a Grandes Eventos, cuja criação foi anunciada esta semana pela chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, vai funcionar nas dependências da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), no Leblon, e terá apoio de oito delegacias especializadas, incluindo a própria Deat, que fará a coordenação.

O objetivo é reunir o máximo de informações possíveis sobre tudo que envolva a realização de grandes eventos, para que as autoridades possam combater qualquer tipo de crime ligado ao tema, da violência patrocinada por torcidas organizadas em jogos de futebol à pirataria e fraude na venda de camisas de time e venda de ingressos.

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Segundo Martha, os jovens torcedores do Fluminense presos sábado ficarão no mínimo 20 dias em Bangu | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia


Nesta quarta-feira a delegada se reúne com a Federação de Futebol do Estado para saber o que têm a dizer sobre o assunto e vai explicar a que os torcedores estão sujeitos. O Tribunal de Justiça também vai se reunir com presidentes de clubes cariocas para discutir medidas contra a violência na torcida.

As delegacias de Repressão a Crimes de Informática, Defraudações, da Criança e Adolescente Vítima, de Proteção à Criança e ao Adolescente, aos Crimes Contra Propriedade Imaterial, do Consumidor e Homicídios irão compor o leque de apoio ao novo núcleo.

À Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, por exemplo, caberá o monitoramento sistemático das redes sociais e sites em geral.

“As delegacias especializadas vão trabalhar de forma interligada e o núcleo terá o papel da Inteligência”, explicou Martha. Por enquanto, não haverá aumento de efetivo. “Iremos redirecionando policiais, à medida em que for necessário. Quando as datas dos grandes eventos — Copa e Olimpíadas — forem se aproximando, o efetivo será ampliado”.

A chefe de Polícia adiantou que, quando houver jogo fora do Rio, reforços serão enviados. “Nem que seja o pessoal das delegacias próximas. Usaremos a Inteligência para garantir a paz”.

Cabeça raspada e uniforme

“Ainda vai demorar muito?”. Essa era a pergunta que a todo momento os torcedores presos — de classe média — faziam aos policiais da 24ª DP (Piedade), no domingo de manhã.

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Os 21 tricolores presos por agressões a dois vascaínos menores de idade no sábado posaram de cabeça raspada e com uniforme de prisioneiros | Foto: Divulgação / Seap


Eles acreditavam que se comprometeriam a comparecer em juízo e voltariam para o lar. Mas a dinâmica foi diferente.

“Quando saíram da delegacia para o Instituto Médico Legal, os rapazes ainda faziam brincadeiras entre eles. A ficha só começou a cair ao irem para a cadeia pública Bandeira Stampa, em Bangu: entraram um de cada vez e não tiveram mais o grupo para proteção. A cabeça foi raspada e vestiram o uniforme de prisioneiro. Eles sofreram um baque psicológico muito grande”, destacou a delegada Martha Rocha.

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Torcedores da Young Flu foram levados para Bangu 1 | Foto: Diego Valdevino


A delegada vai investir na mudança radical de atitude da Polícia Civil e endurecer a maneira de tratar integrantes de torcidas organizadas que se envolvem em atos de violência.

\"Judiciário: Apoio à Polícia Civil\"

A Polícia Civil dilatou a visão sobre as ações de violência que permeam as torcidas organizadas e estabeleceu nova ordem para tratar o assunto.

A lente de aumento que possibilitou aquilatar a extensão real do problema que afeta a população fluminense partiu de Martha Rocha, a delegada chefe de Polícia que promete não mais admitir empurrar para debaixo do tapete o lado feio da festa dos estádios.

1. A Polícia Civil inaugurou no Estado do Rio de Janeiro um novo modelo de repressão às brigas de torcida organizada?

— Agora a orientação aos delegados é endurecer. E isso implica mudar uma cultura. Implica mostrar que não dá mais para algumas pessoas montarem um palco de guerra, na ida ou na volta de um estádio. O que desejo para o nosso povo é o mesmo que o torcedor deseja: paz.

2. Como a senhora analisa o fato de a Justiça ter negado os habeas corpus para sete torcedores presos?

— Ao negar os habeas corpus, o Judiciário mandou a mensagem que apoia o posicionamento da Polícia Civil. Está sendo criado um movimento solidário entre a sociedade e as autoridades para estancar a violência que marca as torcidas organizadas, dentro ou fora dos estádios.

3. O que fica como lição para os jovens presos?

— Que foram presos no domingo, hoje (ontem) é terça e continuam presos, e provavelmente não sairão da prisão em menos de 20 dias. Valeu a pena?

4. O que a senhora vai propor à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro na reunião de amanhã (hoje)?

— Primeiramente, eu quero ouvir o que eles têm a dizer. Depois, pretendo dar uma aula de Direito a eles. Pelo desconhecimento jurídico, o pessoal da federação não têm a exata noção do que pode acontecer aos torcedores que se envolverem com violência a partir de agora.

Torcida Jovem Fla banida

O Ministério Público decidiu nesta terça banir a Torcida Jovem do Flamengo das arquibancadas por seis meses. A decisão aconteceu após a morte do vascaíno Diego Martins Leal, de 30 anos, no último dia 19, por dois integrantes da organizada.

A Promotoria instaurou inquérito civil para investigar se este crime foi retaliação ao assassinato de Bruno de Santa Ana Saturnino, torcedor do Flamengo, em maio.

Os dois casos foram interligados, já que os torcedores do Flamengo cantaram dois hinos de exaltação a Bruno, conhecido como Feio, quando chegaram ao estádio.

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Torcedores acusados de assassinar vascaíno foram capturados pela polícia | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia


“A medida pretende interromper o ciclo de violência e de vingança entre os torcedores”, explicou o promotor Pedro Rubim.

Até fevereiro de 2013, faixas, bandeiras, instrumentos musicais e camisas da agremiação estão proibidos em todo o país. Caso não cumpra, a torcida pode ser multada em R$ 5 mil, além de receber novas suspensões.

A organizada também deve apresentar ao Grupamento Especial da Polícia dos Estádios (Gepe), em 30 dias, o nome de seus líderes para cadastro. A Força Jovem Vasco também foi punida com a mesma medida na semana passada.

O Ministério Público voltou nesta terça-feira a afirmar que não haverá punições individuais para os torcedores, porque o Ministério dos Esportes se comprometeu a cadastrar os torcedores e instalar catracas biométricas, mas ainda não cumpriu.

Nesta terça, no entanto, o diretor do departamento de Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério dos Esportes, Paulo Castilho, afirmou que isso não será feito.

“Nunca nos comprometemos em fazer o cadastro e sim, facilitar sua elaboração. Em até seis meses vamos disponibilizar computadores e um programa para que cada estado faça o seu, com suas federações. Também não vamos instalar as catracas com identificação biométrica, esse projeto foi cancelado”, disse.

Fonte: O Dia