Futebol

PM usa fotos para identificar os bandidos que agiram em Resende

O comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), major Marcelo Pessoa, usou fotos publicadas ontem no ‘Ataque’ e deu início a levantamento de torcedores que estariam fazendo arruaças sábado, no Estádio do Trabalhador, em Resende. Será apresentada uma representação no Juizado Especial Criminal (Jecrim) e, caso fique comprovado que integrantes da Força Jovem do Vasco estiveram envolvidos nos furtos ocorridos, o Ministério Público será acionado.

Núcleos da facção podem ser extintos, num processo que deve atingir toda a organizada. \"Sabemos que alguns dos possíveis envolvidos são da 17ª Família, uma divisão da Força Jovem que abriga torcedores de Barra Mansa, Resende e Volta Redonda. Solicitei ao presidente da torcida o cadastro de todos os integrantes e apresentaremos uma representação no Jecrim. Caso os delitos fiquem comprovados, pediremos ao Ministério Público a extinção do núcleo\", diz o major Marcelo Pessoa.

O comandante do Gepe acredita que os problemas que aconteceram em Resende servem de alerta para o Campeonato Estadual, que começa amanhã. Mas ele garante que o planejamento não deixará brechas para problemas mais graves. \"O Gepe tem um planejamento que será colocado em prática no Estadual visando à segurança para os Jogos Pan-Americanos do Rio\", destaca o major Marcelo.

Além dos torcedores da Força Jovem, todas as outras facções de outros clubes estão sendo monitoradas.

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Antes mesmo de a bola rolar para a Taça Guanabara, a Polícia já acendeu o sinal de alerta. Através de monitoramentos em sites da Internet e de informações levantadas juntos aos torcedores, o Gepe tomou conhecimento de que a Força Jovem do Vasco, que vive uma crise interna e está rachada entre um grupo que apóia o presidente Eurico Miranda e outro de oposição ao dirigente vascaíno, agendou uma briga para os próximos dias.

\"Já conferimos a informação que haverá confronto entre marginais da torcida Força Jovem nos estádios ou em outros locais. Estamos de sobreaviso, e medidas rigorosas serão tomadas para que não aconteçam problemas de violência, sempre com conseqüências graves\", afirma o major Marcelo Pessoa.

Força Jovem iniciou tumulto no estádio

Os problemas causados por integrantes da Força Jovem no Estádio do Trabalhador, em Resende, foram o estopim para o princípio de confusão que resultou em policiais à paisana andando armados nas arquibancadas e um clima de medo entre os torcedores.

Segundo autoridades do 37º Batalhão da Polícia Militar (Resende), além das reclamações de furtos e denúncia da presença de outras pessoas armadas que não seriam os policiais, algumas pedras que estão nas arquibancadas devido a obras no estádio foram arremessadas em carros com torcedores que passavam pelo local gritando Flamengo. A maior parte dos torcedores da Força Jovem, sábado, era de cidades próximas, como Volta Redonda e Barra Mansa.

Crianças e famílias ficaram assustadas no estádio com a intensa correria nas arquibancadas, com as cenas de pessoas armadas, e decidiram deixar o local antes mesmo de terminar o amistoso em que o Vasco venceu a Portuguesa pelo placar de 3 a 1.

PM põe culpa no prefeito

Autoridades do 37º Batalhão da PM (Resende) afirmam que o erro foi a Prefeitura local — organizadora do evento — não ter avisado que realizaria o amistoso Vasco x Portuguesa no Estádio do Trabalhador. Por isso, policiais somente foram mandados para o local depois do início da confusão. Já o prefeito Sílvio de Carvalho (PMDB) garante que avisou pessoalmente ao comandante do 37º BPM, Celso de Araújo, sobre a partida.

O prefeito ficou contrariado com a história. \"Eu combinei e avisei ao coronel pessoalmente, durante a semana. De qualquer forma, nada justifica que um policial à paisana saque arma no meio das pessoas na arquibancada\", destacou, admitindo, porém, não saber se foi feito um documento oficial com o pedido de policiamento.

As informações oficiais do 37º Batalhão e do relações-públicas da PM, coronel Seabra, garantem que a Prefeitura não avisou sobre o amistoso. Por isso, não havia policiais no início do jogo e somente foram acionados depois de reclamações de furtos e de que pessoas estariam armadas no estádio. Embora não tenham sido encontradas armas com torcedores, policiais à paisana — como os que aparecem nas fotos publicadas pelo ‘Ataque’ — agiram com armas em punho, assustando as pessoas, para conter os focos de confusão. Apesar de não revelar a identidade dos policiais, o 37º Batalhão afirma que eles fazem parte do serviço reservado.

Segundo o comando do 37º Batalhão, caso tivessem sido avisados do amistoso, eles recorreriam ao Gepe, especialista nesse tipo de segurança. Sem a presença da Polícia, não houve revista na entrada, o que levou um a risco iminente de torcedores serem alvejados por tiros ou morteiros no estádio.

Relações-públicas da PM, o coronel Seabra esclareceu ontem que, no domingo, o comandante do 37º Batalhão tomou ciência dos problemas no estádio e, por isso, deslocou policiais para o local. O coronel Seabra peca apenas quando admite que houve furtos, mas não classifica isso como violência.

\"Isso é loucura\"

Comandante do Gepe, o major Marcelo Pessoa critica: \"O organizador do evento tem de ser responsabilizado. É loucura realizar um jogo sem policiamento e sem revista. Poderia ter sido pior\".

Durante a partida, torcedores reclamaram de furtos e da presença de pessoas armadas nas arquibancadas. Houve correria e um policial à paisana sacou a arma, aumentando a tensão. Policiais fardados também procuraram suspeitos, mas não conseguiram deter ninguém. Na saída da cidade, ainda foram realizadas blitzes.

\"Foi ruim para a imagem da cidade. Fazemos diversos eventos e nunca ocorre violência\", disse o prefeito.

Fonte: O Dia Online