Phillipe Coutinho foi o jogador que mais acertou dribles e quem mais perdeu
O futebol, com o passar dos anos, perdeu muito de seu aspecto lúdico _ e talvez venha daí a impressão de que ficou mais chato assistí-lo.
A intuição e o improviso deram lugar à disciplina e à regularidade, os atletas passaram a ser discutidos e trabalhados cientificamente em laboratórios e o jogo ganhou contornos matemáticos, entre outras singularidades.
Por isso, como se não bastassem as parafernálias tecnológicas disponíveis para o aprimoramento físico, os departamentos de futebol dos grandes clubes adicionaram à gama de parceiros empresas que trabalham com scouts técnicos específicos .
Através dos números do jogo, retirados minuciosamente das atuações de cada jogador, tem-se a leitura fria da partida, a análise quantitativa do desempenho individual, em vários fundamentos, e coletiva, em inúmeros cortes _ desde o diagnóstico da performance de um determinado time ao cruzamento das informações com seus adversários.
São estes dados, por exemplo, que nos separam dos treinadores.
Nós, tidos como românticos, amantes inveterados da arte do jogo, trabalhamos com o encantamento.
Eles, pragmáticos fiéis aos três pontos que garantam seus empregos, levam em conta a eficiência dos números.
Hoje, no Brasil e no mundo, clubes e investidores levam em conta os dados disponíveis nestes programas para avaliar atuações deste ou daquele atleta, e para estudar o desenvolvimento tático deste ou daquele time.
Realmente, uma maravilha que, se absorvida com mínimo de bom senso, ajuda, sim, a explicar o que nossos olhos, presos às nuances líricas do espetáculo, não conseguem enxergar.
Querem um exemplo?
O menino Phillipe Coutinho, por exemplo, bom de bola como ele só, é quem até agora mais acertou dribles _ 36, contra 33 de Conca e 31 de Herrera.
Mas é também quem mais perdeu bola, 115 _ seguido por Vagner Love, 99, e Herrera, 95.
E é ainda o que mais errou passes, 87 _ tendo Mariano logo atrás, com 83, e Conca, com 78.
Ou seja, talvez estejam números ajudem a sustentar minha tese de que o jovem, apesar do talento, talvez ainda devesse estar sendo aproveitado no segundo tempo dos jogos, com adversários mais gastos.
Quem sabe assim seus números não se traduzissem em mais eficácia para o time do Vasco?
Enfin, essa é apenas uma das múltiplas análises que podem ser feitas.
Portanto, aproveitem os dados que o EXTRA passará a oferecer às terças-feiras nas páginas do seu caderno de esportes e divirtam-se com os números que retratam quase que fielmente (reservo-me no direito de não apostar na exatidão) o futebol de cada dia _ pelo menos esse futebol que é jogado, invariavelmente, aqui e acolá.
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