Futebol

Pedido da esposa fez PC Gusmão desistir de proposta milionária na Arábia

PC Gusmão é o típico carioca. Nascido em Sepetiba, gosta de pagode, churrasco e cerveja gelada. No entanto, em suas andanças pelo Brasil, estava longe da cidade do coração desde 2007. Estar fora do Rio significa não ter a convivência diária com seus dois maiores frutos: as filhas Paula, de 21 anos, e Beatriz, de 17 anos. Em Recife, Caxias do Sul, Goiânia, Belo Horizonte e Fortaleza, PC teve apenas a companhia de Ana Beatriz, sua mulher há 24 anos. E, se não fosse o trio, dificilmente seu retorno ao Vasco, que enfrenta hoje, às 16h, o Grêmio Prudente, teria acontecido. Pelo contrário. Ele estaria longe.

O treinador admite que tem muitas coisas no Rio que fazem falta. Mas nada que influencie tanto como a família. PC revelou que logo no primeiro dia de folga durante a parada para a Copa do Mundo estava embarcando para Doha com o objetivo de conhecer a estrutura do Al-Arabi. Em mãos, uma proposta milionária. Mas, momentos antes de entrar no avião, já em São Paulo durante a madrugada, veio a crise com a esposa.

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“Ela começou a chorar. Disse que eu iria aceitar antes mesmo de me reunir com o pessoal. Aí ela falou que não aguentaria de saudade das filhas. A gente tinha passagens, visto de entrada e o convite do xeque para um belo hotel, mas nem embarcamos”, relembrou.

De lá, veio para o Rio curtir a folga antes de se reapresentar ao Ceará. Na mesma semana, recusou voltar ao Cruzeiro. Tudo corria bem até chegar o convite do Vasco. “Fui surpreendido pelo Rodrigo Caetano. Nem sabia da saída do Celso Roth. Ele pediu para conversar e veio na minha casa. Quando as meninas ouviram a possibilidade, começaram na hora a chantagem emocional. E são elas que mandam aqui em casa! Além disso era o Vasco. A relação é muito próxima. Minhas filhas foram batizadas lá”.

Nos últimos anos, as meninas moraram com Vânia, que está na casa há dez anos e já faz parte da família, e com o cunhado Barreto. Mas isso não tira o sono de PC. O paizão coruja exaltou o senso de responsabilidade e união das irmãs. Paula já está no quinto período da faculdade de medicina e Beatriz sonha seguir seus passos. Apesar da ligação forte, não há ciúme. Nem mesmo com o namorado da mais velha. “O garoto é bom, estudioso... Usa até minhas roupas, acredita? Mas o melhor é que não sabe nada de futebol. Assim não dá pitaco. Ele levou um livro para estudar em São Januário (risos)”, brincou PC, admitindo que gostaria de ter tido um filho também.

No telão, futebol e pagode

Para chegar à praia, basta atravessar a rua. Mas é na confortável cobertura na Barra que PC passa maior parte do seu tempo. Quando não é fazendo churrasco e bebendo chope direto da sua chopeira, está no telão assistindo a gravações de jogos dos rivais.

“Mas também tem lazer. Jogo videogame com as meninas e curto muito Revelação”, lembrou PC, para depois mostrar o DVD que recebeu após levar o Ceará de volta à Série A do Brasileiro. “Eles fizeram essa música para nós. É emocionante”. Em bom momento dentro e fora de campo, PC Gusmão quer chegar no fim do ano com mais um DVD na coleção, agora pelo clube onde tudo começou.

Duas tabelas para motivar: antes e depois da Copa

Esperança sempre foi uma palavra presente na vida de PC. Tanto é que o Esperança Futebol Clube foi onde deu seus primeiros passos. Mas naquela época, com 14 anos, ele nunca imaginou que chegaria a 14º rodada do Brasileiro como o único técnico invicto.

A marca é expressiva, mas não mexe com PC Gusmão. Ao contrário do que se possa imaginar, ele nem cita a invencibilidade como motivação para o grupo. Ao invés da questão pessoal, o técnico trabalha o coletivo. “Na parede do vestiário temos duas tabelas: antes e depois da Copa. Mostro como era lamentável o aproveitamento e como melhorou. Isso mexe. Minha marca é legal, mas o que vale é o Vasco na tabela e isso tem de melhorar”, afirmou. E o trabalho vem sendo intenso e bem feito. Prova disso é que os reforços entraram bem e corresponderam ao que se esperava.

Drama da mãe vira arma de motivação

Poucos sabem, mas PC Gusmão vive hoje um drama pessoal. A mãe, dona Walcléa Gusmão, sofreu um acidente vascular cerebral e está internada no hospital. Na última sexta, foi a primeira oportunidade que o treinador teve de visitá-la. Mas ele fez questão de deixar claro para todos, inclusive familiares: sua rotina de trabalho tem de continuar.

Para PC, os treinos e jogos ajudam a evitar maiores preocupações. Ele sabe que não há o que fazer neste momento a não ser ampará-la e rezar muito pela sua recuperação. Além disso, tudo vira fonte de motivação e superação. “Não paro de trabalhar e honrar meus compromissos. Só o trabalho ajuda nessas horas”, afirmou PC, lembrando que viveu um drama pessoal parecido justamente em sua outra passagem pelo Vasco, em 2001: “Naquela vez foi com meu pai, Alremir Gusmão. Ele também sofreu um AVC, mas graças a Deus se recuperou”.

Fonte: O Dia