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PC Gusmão se empolga com jovens da base no time principal e explica processo

Hoje coordenador de transição e desenvolvimento do Vasco, Paulo César Gusmão já fez praticamente tudo que é possível para um ex-atleta dentro de São Januário. Foi goleiro, posteriormente tornou-se treinador de jogadores da posição em que atuou até ser contratado como técnico da equipe principal. Antes de chegar ao atual cargo, ainda trabalhou na coordenação técnica do time profissional. A nova função, porém, tem empolgado PC, de 58 anos.

PC Gusmão explica que uma rápida passagem por Portugal, onde dirigiu o Marítimo ainda como treinador, em 2016, o ajudou a ampliar horizontes sobre a formação de atletas. Lá, percebeu que o processo de revelação tinha falhas, principalmente na hora de passar conteúdo aos jovens. Instrutor das licenças A, B e C da CBF e com cursos da Uefa no currículo, o coordenador entende que incutir na cabeça dos garotos o conceito da "periodização do jogo" tem sido o segredo do crescimento do Vasco na base.

- Não existe outra fórmula para o Vasco que não seja hoje formar jogador dentro do próprio clube e resgatar DNA, mas trabalhar com nova metodologia e conceitos e ideias. A gente procurou fazer trabalhos para colocar dentro do profissional atletas que fossem feitos dentro do Vasco, mas com uma nova visão para o que o futebol te pede hoje em dia. Quando estive em Portugal, o que eu vi que eles tinham de resistência à nossa formação de atletas no Brasil? O não conhecimento do jogo. A forma que é febre no mundo hoje é a periodização tática.

- O que é periodização tática? Isso estava muito aberto no Brasil. As pessoas estavam desenvolvendo algumas metodologias por critérios próprios, sem um direcionamento. A periodização faz com que o atleta conheça e desenvolva as suas funções dentro do jogo com e sem a bola. É realmente o atleta ter o entendimento para executar aquilo que se pede no futebol moderno e globalizado. É fazer com que o futebol de base seja uma escola, como se fosse um modelo de educação voltado para o futebol. Ensinar aos atletas como o esporte é desenvolvido, quais são as formas. Você não vai dar o dom para ele jogar futebol, mas vai fazer com que ele saiba como o jogo é desenvolvido - explicou.

Perguntado sobre qual a maior prova de que a transição entre categorias tem sido bem feita no Vasco, PC apontou o grande número de pratas da casa já inseridos no profissional. O coordenador destaca que o trabalho integrado dentro da base vascaína, citando o diretor executivo (da base) Carlos Brazil, coordenadores científicos e psicólogos, tem sido fundamental para o avanço.

- Acho que hoje fica bem claro. Com as transmissões de campeonatos sub-20 e sub-17, quando vai assistir a um jogo e se remete ao que era feito tempos atrás, você vai ver que tem uma evolução do método de aprendizado. A forma que se jogava e a forma que está se jogando. A forma como estão sendo aproveitados em cima e a forma como eram aproveitados antes.

- Nesse processo de evolução, eu estava mexendo em algumas fotos, e aí você vê o time da Copa São Paulo de 2019 e olha na equipe de cima Talles, Riquelme, Bruno Gomes, Lucão, Alexander, Pec... Você vê que o trabalho está bem conduzido. Veja quantos garotos já são realidade no profissional e são atletas que passaram pouco tempo na categoria sub-20. Vinícius, Juninho, Bruno Gomes... São jogadores que poderiam estar no sub-20, mas estão no profissional ou jogando ou como uma boa opção. Já mostraram até para o próprio treinador que tinham condições de estar no grupo profissional. Além da oportunidade, há a necessidade do clube.

Confira outros tópicos da entrevista:

"Oportunidade da vida" de muitos que chegaram ao profissional para a disputa do Brasileiro

- Vão debutar. Acho que é uma grande oportunidade. Dentro da maior dificuldade é que você tem uma grande oportunidade. É a oportunidade da vida deles. Muitos meninos da mesma idade deles não têm essa chance que é jogar por uma camisa pesada do futebol mundial dentro do campeonato mais difícil do mundo. Eles têm que se sentir privilegiados. Na hora do jogo que você vai ver se estão aptos para desenvolver o melhor.

Animado por revelar não apenas jogadores, mas também integrantes de comissões técnicas

- Eu estou muito feliz com esse processo de estar junto com essa nova geração que está vindo e de participar da formação não só de jogadores, mas de treinadores, preparadores físicos, treinadores de goleiros, coordenadores... Está sendo fantástico, é uma troca de experiências todo dia. E, apesar de toda a dificuldade, temos o privilégio de trabalhar com um grupo muito bom no Vasco.

Retorno ao Vasco em momento conturbado retardou dedicação exclusiva à base

- Pegamos uma fase muito difícil com a saída do Zé Ricardo, Chumbinho e Pelaipe (em 2018). Houve uma transição grande na gestão do futebol. Mas deixei claro que não chegava para ser executivo de futebol e sim voltado para a coordenação de transição e implantação de metodologia. Estava acumulando várias funções.

Integração das categorias até o profissional

- Hoje o trabalho começa no sub-6 e vai até o sub-20. Esse grupo de trabalho que o Vasco tem na base, com a gestão do Brazil e que tem um organograma todo bem definido, está voltado para o desenvolvimento do atleta, mas também para o desenvolvimento do profissional que vai formar aquele atleta.

As montagens de microciclos voltados para a metodologia de trabalho do Vasco são feitos com os treinadores, preparadores físicos, treinadores de goleiros, analistas de desempenho, a captação.

Avaliação dos processos: não só a performance em campo, mas a capacidade de aprendizagem é analisada constantemente

- Trabalhamos para que o processo de avaliação não seja só através do desempenho do atleta, é também pautado na capacidade do que o atleta está entendendo para desenvolver seu potencial. Na transição dos atletas, a gente vê qual é o entendimento que ele tem dentro da categoria. Ele está tendo evolução de forma pedagógica e entendo o processo de jogo, o conteúdo que está sendo passado para fazer o que sabe melhor, que é jogar futebol?

Como é feita a conversa para não queimar garotos?

- Existem todos os departamentos interligados, hoje é uma comissão técnica multidisciplinar. Você tem um departamento de psicologia que dá total amparo no profissional quanto na base. Para que o garoto esteja não bem somente nas partes técnica, tática e física, mas também na questão emocional. No processo de maturação, ele será avaliado o tempo inteiro e vai ter que estar bem.

- Ou estará como bela opção para o profissional ou vai jogar pelo sub-20. É um trabalho muito bem equilibrado com a assistência da Maíra e da Carol. Esse amparo é feito para não haver algo do tipo: "Foi lá em cima e não conseguiu realizar o que fazia em baixo". Damos o amparo e a sustentação sabendo que estão no processo de maturação, que acontece até os 23 anos.

Oportunidade de realocar profissionais que não rendem em determinadas funções

- O que é mais importante quando você vai montar um organograma de uma gestão? É saber adequar as pessoas dentro das funções para que elas desempenhem o seu melhor. Quando chegamos, havia algumas pessoas flutuando em cargos que não eram o melhor para elas estarem fazendo. Fomos adequando para que o processo fosse funcional.

Troca de informações com os mais jovens

- Eu sou instrutor dos cursos da CBF, das licenças A, B e C. O importante para mim é mostrar conteúdo para essa nova geração. Essa nova geração de treinadores vem com muito conteúdo. Os garotos vêm com formação de universidade, com experiências vividas em campo de ex-atletas que não chegaram à categoria profissional e foram melhorar seu entendimento acadêmico.

- Realmente há uma empolgação minha de estar no dia a dia com esses meninos porque, além de eu passar minha experiência e tudo que aprendi, eu tenho uma troca constante de informações e aprendo com eles também. Isso que está me empolgando. Isso vai dar muitos frutos para o Vasco na sequência.

Nova visão do futebol como coordenador de transição e desenvolvimento

- Estou tendo mais uma grande oportunidade numa nova função. Isso me permite ver como o futebol se movimenta e como uma gestão bem preparada pode te levar a resultados bem definidos. Está sendo um grande ensinamento com uma nova visão de fora do campo. Hoje dá para ver o quanto um profissional de comissão técnica consegue tirar o máximo e quanto um jogador com esse entendimento consegue ter uma desenvoltura melhor.

Fonte: ge