Futebol

Pausa no Brasileiro dá esperança a ameaçados, mas faz alerta aos líderes

A pausa no Campeonato Brasileiro para a Copa do Mundo é comemorada pelos times brasileiros para renovar o fôlego e as energias após um primeiro semestre desgastante. Mas a interrupção nem sempre é benéfica. A edição do torneio nacional de 2006 indica que os ameaçados pelo rebaixamento têm motivos para se animar, mas os líderes devem ficar atentos diante de uma possível queda.

A edição de quatro anos atrás foi a primeira do Brasileirão já com o sistema de pontos corridos em ano de Copa do Mundo. O torneio foi paralisado após a 10ª rodada entre os dias 4 de junho e 12 de julho.

Após esse período, algumas mudanças significativas aconteceram. O São Paulo, terceiro colocado antes da Copa, teve uma arrancada importante e levou o título com nove pontos de vantagem sobre o vice Inter.

Já o Cruzeiro viveu situação contrária. Após terminar a primeira fase na liderança com um ponto à frente dos Colorados, teve uma queda de rendimento brusca e não conseguiu se recuperar.

Depois de seis vitórias e três empates nas dez rodadas iniciais, a equipe celeste perdeu o fôlego, venceu apenas oito vezes e teve 12 derrotas nas 28 rodadas restantes, o que o fez ser ultrapassado por nove times após o Mundial da Alemanha.

A situação se complicou no decorrer do segundo semestre. Já no mês de agosto, o então vice-presidente de futebol do clube, Zezé Perrella, chegou a se reunir com os jogadores e deu uma bronca geral, ameaçando fazer mudanças no elenco. Pouco antes, o atacante Gil, que vinha sendo muito criticado pela torcida, foi negociado com o Gimnàstic, da Espanha.

A situação pode não ter relação direta com a pausa na Copa do Mundo, mas serve de alerta para Corinthians e Ceará que dividem a liderança do Brasileirão 2010 e assistirão aos jogos na África do Sul em uma posição privilegiada com 17 pontos.

Os dois times fazem campanhas praticamente perfeita. Únicos invictos até o momento, somam cinco vitórias e dois empates. Apesar do exemplo recente, o técnico Mano Menezes, que irá liberar seus atletas para verem os jogos de suas seleções, não teme que a pausa seja prejudicial.

“Estamos vencendo agora, mas só vejo aspectos positivos na parada. Senão, vamos chegar à conclusão que é bom estar em uma posição ruim agora e não é verdade. Também teremos oportunidade de aproveitar bem esse tempo e treinar várias situações de jogo, testar atletas do plantel e outras coisas. Podemos voltar ainda melhores”, destacou.

O otimismo de Mano pode ser bem utilizado pelos times grandes que ocupam o outro lado da tabela. Em 2006, Palmeiras e Corinthians viram o Brasil ser eliminado nas quartas de final para a França da incômoda zona do rebaixamento. Mas concentraram os esforços nos treinos e na recuperação na intertemporada para se reerguerem.

Com uma arrancada, o Corinthians por pouco não chegou à zona da Libertadores e terminou a competição na 9ª colocação com 53 pontos, sete a menos que o Paraná, primeiro classificado para a Copa Libertadores. Já o time alviverde não pôde ter pretensões maiores na temporada, mas atingiu a meta principal e se livrou do descenso.

Este ano, a equipe espera seguir o mesmo caminho, já que ocupa a modesta 10ª colocação. Por uma ascensão, o clube faz um esforço conjunto. Na volta espera ter novo técnico (a prioridade é Luis Felipe Scolari), a Fiat como patrocinadora e já anunciou a volta do atacante Kleber, ídolo no clube.

“Temos que esquecer um pouco o que passou e descansar. Teremos tempo para recomeçar tudo do zero e voltar a crescer no Brasileiro. Também precisamos de reforços, mas tenho certeza que a diretoria vai providenciar isso. Já contratamos o Kleber\", disse o volante Pierre.

A experiência serve de alento para outros grandes. Os campeões brasileiros Vasco, Atlético-MG e Atlético-PR passarão mais de um mês na zona da degola. O Internacional também não vive boa fase e escapou por pouco na 16ª colocação. Para eles, a intertemporada será de reflexão, treinos, recuperação dos atletas e principalmente muito trabalho.

*Colaboraram Márcio Monteiro, Luiz Gabriel Ribeiro, Carlos Padeiro e Rodrigo Farah

Fonte: UOL Esporte