Paulo Angioni vence queda-debraço que tumultuou São Januário
O vulcão fumegou, mas a erupção foi controlada parcialmente.
Pouca gente viu as lavas descendo ladeira abaixo.
Uma medida eficiente atenuou a crise que tomou conta do departamento de futebol, após a ríspida discussão entre Paulo Angioni, gerente de futebol, e Miguel, auxiliar de Lopes, que quase levou Angioni a pedir demissão. Estrategicamente, o técnico Antônio Lopes, que mal teve tempo de saborear a goleada de 4 a 0 sobre o Sport — na verdade, sua expressão anteontem era de alguém que fora goleado —, dividiu o grupo ontem. Levou metade do time para o VascoBarra. Os que jogaram na véspera treinaram rapidamente em São Januário.
Enquanto isso, um almoço com Neca, o novo vice de futebol, e José Carlos Osório, presidente do Conselho Deliberativo do Vasco, acalmava Angioni, que foi chamado por Miguel, entre outras coisas, de traíra, X-9, bobalhão e safado.
Ofensas que o levaram a pensar em sair, mas foi convencido a continuar por Neca e Osório, e também pelo presidente Roberto Dinamite. Um outro apoio importante que Angioni recebeu foi de Edmundo, que após a confusão se colocou do lado de Angioni.
Xodó da Vovó será anunciado em breve Sentindo-se fortalecido pelo apoio maciço de jogadores e membros da comissão técnica e departamento médico, o próprio Angioni tentou apagar o incêndio, ao chegar a São Januário após as 16 horas, um fato raro em sua rotina.
— Está tudo bem, o assunto está contornado e encerrado — disse Paulo Angioni, que não viu vencedores nessa confusa queda-de-braço.
Apesar do tom conciliador, a discussão causou repercussão negativa no clube. Quem testemunhou, afirmou que Miguel teve de ser contido porque estava furioso. Na semana passada, o auxiliar-técnico de Lopes já tivera um desentendimento com Edmundo, em Florianópolis.
A ponto de o jogador ter dito: — Você cala a boca. Aqui quem fala é um só, o Lopes. Pra falar merda é melhor ficar calado...
— gritou Edmundo.
O problema que agitou os bastidores do Vasco na reta decisiva para o clássico amanhã, contra o Flamengo, teria como pano de fundo a instabilidade criada pela possibilidade de mudanças na comissão técnica em breve, com a contratação de Wilsinho Xodó da Vovó. Já está definido que Wilsinho, parceiro de Roberto Dinamite, será anunciado na semana que vem. Como o substituto de Miguel na função de auxiliar de Lopes. O treinador, no entanto, afirma que não pretende trocar de auxiliar no momento.
Alguns jogadores mais sensíveis a esse tipo de situação alegam que essas as insinuações e fofocas vinham tirando a tranqüilidade na rotina do dia-a-dia. O pavio da confusão no vestiário teria sido aceso quando Paulo Angioni ouviu um comentário de Miguel para Nílson Gonçalves, funcionário da antiga gestão, acusado de ter sido laranja do ex-presidente Eurico Miranda, que no momento está sem cargo. Daí para o atrito, foi rápido.
Outro fato que provocou mal-estar no vestiário foi a notícia de que Miguel teria autorizado Nílson a pegar camisas oficiais na rouparia para presentear empresários italianos e alemães que ele levara a São Januário para observar alguns jogadores do Vasco. A presença de empresários no clube sem seu conhecimento também teria irritado Roberto Dinamite e ajudado a selar o episódio, que sequer foi citado pelo presidente ontem.
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