Para reportagem, Vasco dá poucos detalhes sobre alojamento para a base

Os centros de treinamento de Botafogo, Fluminense e Vasco da Gama devem passar por inspeções do Ministério Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro nos próximos meses. O órgão pretende aumentar o rigor com os clubes e evitar que incidentes como o ocorrido na sexta-feira no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, não se repitam.

Há quatro dias, um alojamento no CT onde estavam 26 atletas da base do Flamengo pegou fogo. Morreram dez garotos e outros três foram hospitalizados.

O clube da Gávea corre o risco de ter o Ninho do Urubu interditado. Nesta terça-feira, a diretoria rubro-negra abrirá as portas do local para que diversos órgãos municipais e estaduais façam uma vistoria especial antes de deliberar o que será feito. A decisão deve sair na próxima sexta.

O MP do Rio pretende agendar também visitas aos CTs dos outros três grandes da cidade.

A promessa é de rigor. No entanto, o órgão não tem feito valer trabalho realizado pela própria instituição nos últimos anos. Relatórios em série foram produzidos desde 2012 sobre as condições oferecidas pelos clubes da cidade aos jogadores da base e profissional.

O estimulo para isso foi a morte do garoto Wendel da Silva, 14, em 2012, durante um teste para o time infantil do Vasco, em Itaguaí. Ele teve uma convulsão e o clube não contava com a assistência especializada para fazer o atendimento.

De acordo com documento obtido pela reportagem com exclusividade, naquele ano, as vistorias do MP do Rio de Janeiro apontaram problemas como falta de ambulância e técnico de enfermagem no Botafogo e no Fluminense. Alojamentos sem condições de higiene e segurança no Vasco, além de um único banheiro disponível para o uso.

Após a reunião na sede do Ministério Público estadual na última segunda-feira, o procurador-chefe do Ministério do Trabalho do Rio de Janeiro prometeu uma fiscalização com rigor a todos os clubes do Rio de Janeiro.

"Temos que fazer varreduras em outros centros de treinamentos para que outros episódios deste tipo não ocorram no Rio. Junto com a fiscalização, atuaremos juntos verificando a regularidade trabalhista destes atletas", disse Fábio Vilela, em entrevista coletivo.

O QUE DIZEM OS CLUBES

A base do Fluminense treina em Xerém desde 1999. O local passou por muitas reformas desde então. A última foi em 2012. De acordo com o clube, hoje 44 garotos ocupam um espaço que comporta até 90 pessoas. Todos têm de 14 a 17 anos. Os atletas do sub-11 não podem ser alojados, enquanto os do sub-20 ficam no CT profissional.

A equipe tricolor informou a reportagem que os quartos são de concreto e dispõem de ar-condicionado, televisão e geladeira. Alguns são para dois moradores, mas outros comportam até quatro.

O Botafogo informou que conta com no máximo oito jogadores das categorias sub-14, sub-15 e sub-17 no alojamento no estádio Caio Martins e também oito na sede em General Severiano (só para sub-20). Informou que todos têm supervisão, monitores e uma assistente social.

Com pouco espaço nos alojamentos, o Botafogo diz que prioriza a vaga para quem vem de fora do Estado. Então, em Caio Martins, afirmou estar ocupando quatro das oito vagas disponíveis. Em General Severiano também estão alojados quatro jogadores do sub-20.

O Botafogo trabalha para ter um CT próprio e o projeto prevê um espaço só para as categorias de base.

O Vasco foi o clube que menos detalhou o funcionamento da sua base em contato com a reportagem. Informou que o alojamento em São Januário é voltado para garotos de 14 a 18 anos e que os quartos comportam quatro atletas cada um. Não deu nenhum outro detalhe.