Palavra credibilidade se aplica ao trabalho de Cristóvão no Vasco
Aprendi há tempos que o papel do técnico em um time de futebol tem que ser relativizado. Isso foi no tempo em que Gloria Magadan escrevia novelas e o Projac era na Restinga de Marambaia. O tempo passou e os profissionais que dão expediente à beira do campo ganharam um poder e uma importância para a qual nem sequer trabalharam. Foi conferida pela mídia -especialmente nos anos 90- ao cunhar expressões tipo nó tático e definir os técnicos como
professores.
O resultado deste exagero foi uma distorção sobre o papel a ser executado pelo técnico e também uma cobrança excessiva em cima deste profissional. Vieram os grandes salários -nada mais justo para quem tem tantos poderes- e uma sequência de equívocos na análise sobre o desempenho de cada um. Neste domingo, Corinthians e Vasco podem ser campeões brasileiros. Desembarcam na última rodada com dois profissionais que merecem ser olhados com respeito. Um já rodado e mais calejado, o Tite, e outro sem a devida rodagem, mas dono de um jeito de ser (aí entram caráter, postura, educação e outros atributos), capaz de firmar parcerias com quem comanda, me refiro ao Cristóvão Borges.
Começo pelo Tite que já foi mais bombardeado do que Bagdá. Até hoje tem sofredores do fígado que olham de rabo de olho para o trabalho realizado por ele. Não se cansam de criticá-lo, e ele não cansa de trabalhar. Arrumou o time do Corinthians e, segunda feira, no Bem,Amigos!, apresentado pelo Galvão Bueno, deu para entender um pouco o que provocou o bom desempenho do Corinthians. O Tite olha para o jogador não apenas como um sujeito que desempenha uma função. Pode ser paternal e capataz quando necessário. Conseguiu estabelecer uma relação de credibilidade com os jogadores, que outros nos momentos mais agudos não conseguiram.
A palavra credibilidade se aplica ao trabalho do Cristóvão Borges. Já se instalara no Vasco com o Ricardo Gomes, e o bom sujeito Cristóvão a manteve, mostrando para a rapaziada que ele estava ali para dar sequência ao que RG já fazia. Pronto. Quando todos perceberam isso, o trabalho ficou mais fácil.
No domingo, corintianos e vascaínos estarão de olho no campo e na beirada. Sei lá eu o que vai acontecer. Não sou oráculo e tampouco catedrático, mas tenho a convicção de que a maneira como o Tite e o Cristóvão/Ricardo conduziram Corinthians e Vasco, respectivamente, tem muito a ver com o que aconteceu com os dois times.
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