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Osório relembra casos no Maracanã e questiona incoerência com São Januário

O Vasco reagiu com indignação às declarações de Rodrigo Terra, promotor do Ministério Público que foi o autor da ação que interditou São Januário. A Justiça do Rio decide nesta quarta-feira se o estádio poderá ou não reabrir para o público.

Em entrevista ao ge, o promotor considerou uma “vitimização ridícula” as acusações de elitismo preconceito feitas pelo clube e por outras entidades, como a Associação de Moradores da Barreira e a Federação de Favelas do Rio.

O Vasco havia sido procurado pela reportagem anteriormente, mas ninguém quis comentar sobre o processo que corre na Segunda Câmara de Direito Privado.

- Os argumentos apresentados pelo promotor são desrespeitosos e atentam contra a dignidade do Vasco e dos vascaínos. E explicitam uma incoerência flagrante. Se ponto central foi a entrada de rojões e sinalizadores no estádio de São Januário, como nada foi feito contra a frequente entrada de bombas e sinalizadores no Maracanã esse ano, que ensejou inclusive punição da Conmebol? - questionou Osório, que completou:

- No incidente em São Januário não houve invasão do estádio e nem registro de feridos. Já em jogos no Maracanã esse ano tivemos diversos incidentes, inclusive com mortes na área externa e disparo de arma de fogo dentro do estádio. São dois pesos e duas medidas.

Os comentários de Osório são sobre partidas recentes de rivais cariocas no Maracanã, que motivaram punições da Conmebol contra Flamengo e Fluminense por uso de sinalizadores e bombas. Na partida entre Fluminense e Argentinos Juniors, também na Libertadores, houve disparos de policiais contra torcedores argentinos.

A interdição de São Januário será julgada pela Segunda Câmara de Direito Privado em sessão presencial na sede do tribunal, que fica no Palácio da Justiça, Centro do Rio. O estádio não abre os portões para público desde o dia 22 de junho, na derrota do Vasco para o Goiás, pela 11ª rodada do Brasileirão. Há 69 dias, portanto.

O caso tomou repercussão ainda maior por causa do trecho polêmico de um relatório assinado por Marcelo Rubioli, juiz que estava de plantão em São Januário no dia do jogo contra o Goiás. Ele diz que o complexo é rodeado "pela comunidade da barreira do vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado"; e que as ruas estreitas "sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando".

Vânia Rodrigues, presidente da Associação de Moradores da Barreira, que entrou como parte interessada no processo, também protestou contra as falas do promotor.

- Ao ridicularizar nossa justa indignação com o fechamento de São Januário o promotor parece menosprezar a opinião e o livre direito de manifestação da Barreira do Vasco, onde vive um povo valente, honesto e trabalhador que não foge à luta. Não vão nos calar.

O Ministério Público exige catracas com biometria, o que não existe em nenhum outro estádio do Rio de Janeiro. O promotor Rodrigo Terra, no entanto, afirmou que seria "muito interessante" que isso começasse por São Januário, para ele, o "pior estádio".

- Estamos cobrando isso de São Januário porque acabou de ocorrer um evento de violência extrema dentro do estádio em que sinalizadores foram arremessados no gramado, rojões foram apreendidos. Tudo isso mostra que eles entraram. Como eles entraram? Como eles explodiram isso lá dentro? Não foi no Maracanã, não foi no Engenhão. Foi em São Januário. Agora isso não significa que a biometria não deva ser estendida para outros estádios. Deve, sim. Mas é muito interessante que comece pelo pior de todos, que é São Januário. Por todas essas questões que estou dizendo - disse o promotor ao ge.

Fonte: ge