Futebol

Os bastidores da tentativa do Vasco de contratar Jorge Jesus

O Vasco já decidiu que o português Jorge Jesus é o plano A para substituir Alberto Valentim, demitido no último domingo depois da derrota para o Flamengo na final do Campeonato Carioca. A negociação, conscientemente complexa, tem pontos que aproximam e pontos que distanciam o técnico ex-Benfica e Sporting do Brasil.

Jorge Jesus está livre no mercado depois de rescindir com o Al Hilal, da Arábia Saudita, e já conversa com o Vasco. Nos últimos dias, foi apresentado ao diretor de futebol do clube, Alexandre Faria, e ao presidente, Alexandre Campello. As conversas caminham, e o treinador pode, inclusive, viajar ao Brasil para conhecer a estrutura do Cruz-Maltino.

Mas por que Jorge Jesus, com 10 títulos pelo Benfica, história vitoriosa no futebol europeu e ainda alvo de outras equipes, aceitaria treinar uma grande equipe brasileira que enfrenta dificuldades financeiras? Há motivos para acreditar possível e motivos que diminuem um pouco a empolgação.

Admiração pelo futebol brasileiro e história do Vasco

Jorge Jesus é um admirador do futebol brasileiro. Sempre longe, mais recentemente na Arábia Saudita, gosta de acompanhar pela internet jogos dos campeonatos estaduais e do Brasileirão. Viu, por exemplo, a vitória do Vasco por 2 a 1 sobre o Santos, na partida de volta da quarta fase da Copa do Brasil, na última quarta-feira.

Pessoas próximas ao técnico acreditam que o desafio de trabalhar no Brasil, país dono de um futebol que admira, e no Vasco, uma grande equipe do país, pode convencer Jorge Jesus a trocar toda a estrutura e a grande diferença financeira pelo desafio.

Quando deixou o Al Hilal, Jorge Jesus voltou a Lisboa e esteve na mira de gigantes europeus. Jornais de Portugal, porém, noticiaram que, para voltar a trabalhar em seu país ainda em 2019, o técnico teria de desembolsar 2,5 milhões de euros ao Fisco do país por causa de um problema em seu domicílio fiscal.

A questão, confirmada pelo GloboEsporte.com, está pesando para Jorge Jesus não voltar a trabalhar no futebol português ainda em 2019. Ele não está disposto a pagar a quantia, que é uma porcentagem do que ele recebeu na Arábia Saudita.

Insistência e paciência

O Vasco não tem pressa para fechar com Jorge Jesus. Isso não significa que não vá insistir. Enquanto negocia com o treinador, o Cruz-Maltino vê em Marcos Valadares um promissor e confiável técnico. Será ele, inclusive, que comandará a equipe na estreia do Campeonato Brasileiro, contra o Athletico-PR, domingo, às 16h (de Brasília), na Arena Baixada.

Do outro lado, a diretoria segue considerando Jorge Jesus o principal plano e tenta convencê-lo a, pelo menos, viajar ao Brasil para conhecer a estrutura do clube e conversar pessoalmente sobre a possibilidade de trabalhar no Vasco.

Os valores, conscientemente bem diferentes entre Brasil, Europa e Arábia Saudita, são o principal empecilho do negócio. Apesar de admirar e ter vontade de trabalhar no futebol brasileiro, Jorge Jesus não quer, é claro, abrir mão de uma grande quantia financeira que poderá receber em outra equipe europeia.

Pessoas envolvidas no negócio entendem que o Vasco precisa convencer o técnico de outra forma, não pelo bolso, a trabalhar no clube. O Cruz-Maltino, ao mesmo tempo, tenta equacionar suas finanças para oferecer a Jorge Jesus algo mais próximo possível do que o treinador deseja ganhar. Ele gostaria de trazer seis profissionais de comissão técnica, o que também aumentaria o custo.

Com o término dos campeonatos dos principais centros da Europa, Jorge Jesus deve ser procurado por grandes clubes - a regra do Fisco é apenas para Portugal, o que não o impossibilita de trabalhar em outros países do continente.

Pini Zahavi, que trabalha com grandes jogadores do futebol mundial, é o principal empresário de Jorge Jesus e quer colocá-lo em uma equipe europeia. Um grande amigo do treinador, porém, o agente brasileiro Cadmo Barros tem ajudado o Vasco nos contatos com o português e pode ser um trunfo para convencê-lo.

Fonte: ge