Política

Os 5 desafios para o futuro presidente do Vasco

A eleição vascaína marcará o início de um desafio considerável para o futuro presidente, seja ele reeleito (Eurico Miranda) ou um nome da oposição (Julio Brant e Francisco Horta). O clube vive há pelo menos 15 anos um período em que se afastou da elite dos clubes nacionais, seja financeiramente, seja esportivamente. Acumulou três rebaixamentos e apenas um título nacional no período. O blog lista aqui os principais desafios a serem enfrentados pela gestão.

São questões a serem resolvidas em relação às finanças, à credibilidade, à democratização, à infraestrutura, entre outros pontos. Não será tarefa fácil porque, tanto nas gestões de Eurico quanto de Roberto Dinamite, o clube teve enorme dificuldade para atrair investimentos e ser vitorioso nacionalmente.

Finanças

Oficialmente, o Vasco tem um dívida de R$ 457 milhões, mas há números sobre os quais há incertezas porque o balanço do clube não é transparente, segundo especialistas em contas. O valor é alto em relação aos débitos fiscais e haverá aumento das parcelas a serem pagas no Profut, pelas regras do programa. Fora isso, o clube quita pendência com credores como ex-jogadores Romário, Edmundo e Felipe, além de entidades como CBF.

O valor dos débitos é alto para um clube que tem receita de R$ 213 milhões quase toda concentrada na TV Globo, responsável por cerca de 80% do total. Com isso, o clube fica asfixiado e já houve atrasos durante de salários durante o ano. O Vasco pena para fechar o ano de 2017, nenhum balancete foi apresentado até agora. Fora isso, o nível de investimento no time é baixo em contratações, concentrando-se em jogadores veteranos ou jovens.

Credibilidade

Para aumentar as receitas do clube, o novo presidente terá a missão de recuperar a imagem. Por exemplo, o sócio-torcedor só atrai 17.063 pessoas, sendo apenas o 18º em números, atrás do Santo André. Ora, a torcida vascaína costuma aparecer como a quinta do país, segundo a maioria das pesquisas. Isso mostra a falta de apoio da torcida à atual gestão.

Em relação a patrocinadores, o Vasco tem um contrato da Caixa Econômica bem inferior a rivais, e tem dificuldade para atrair outros parceiros. A crise no país, óbvio, atrapalha à obtenção de receitas, mas a agremiação tem sido mais impactada do que outros.

Infraestrutura

O Vasco fez um campo de treinamento e um centro para tratamento de jogadores (Capres) dentro de São Januário. É uma infraestrutura bem inferior a praticamente todos os grandes clubes brasileiros. Todos maiores times de São Paulo, os do Rio Grande do Sul, o de Minas Gerais, do Flamengo e Fluminense têm estruturas separadas de estádios, com melhor nível. O Botafogo já comprou um CT.

Há necessidade ainda de melhorias em São Januário que passou por uma renovação, mas ainda não conta, por exemplo, com assentos na maior parte dos lugares. Para adaptar o estádio às condições modernas, será preciso um investimento maior em todos os setores, tudo isso com o já relatado problema de falta de recursos.

Democratização

As desconfianças sobre a eleição do Vasco, com denúncias de eleitores irregulares, não são novidade e se repetiram em pleitos anteriores, como o que levou Roberto Dinamite à presidência. Além disso, a agremiação é uma das poucas que ainda mantém eleição indireta. Os sócios elegem uma chapa vencedora que fica com 120 vagas no Conselho Deliberativo, e o segundo colocado fica com 30. Ainda há conselheiros natos, que podem chegar a 150, embora os que de fato compareçam as reuniões sejam bem menos.

Outros clubes, além de acabarem com eleições indiretas, também passaram a adotar o modelo de Conselho Administração, com divisão de poderes do presidente. Ex-aliados dizem que Eurico Miranda tinha prometido dividir o poder em sua volta, o que não ocorreu, segundo eles.

Perda de terreno para rivais

Até há 15 anos, o Vasco costumava disputar os principais campeonatos na ponta da tabela, tendo vencido o Brasileiro pela última vez em 2000 na Copa João Havelange. Depois dessa conquista, foram três rebaixamentos. Só no ano de 2011 e em parte de 2012, o Vasco conseguiu repetir disputar na frente, ao vencer a Copa do Brasil, disputar o Brasileiro até o final com o Corinthians e ir até as quartas de final da Libertadores.

Em relação às receitas de cotas da TV Globo, participava de um grupo juntamente com Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo entre os que mais ganharam, patamar do qual caiu no início da atual década. Atualmente, os dois primeiros clubes ganham mais do que os outros. No geral, consideradas todas as fontes, a agremiação rubro-negra tem receita maior do que Fluminense e Vasco juntos.

Fonte: Blog do Rodrigo Mattos - UOL Esportes