Política

Oposição e diretoria voltam a se enfrentar nos bastidores

Tem sido difícil para Alexandre Campello ter sossego no cargo de presidente do Vasco. Após presenciar a Justiça manter o resultado das eleições na semana passada - o que garantiu sua permanência no comando do clube - o dirigente agora voltou a ser alvo de conselheiros e deverá novamente ser questionado no Conselho Deliberativo pelo que os opositores classificam como movimentações suspeitas e que demandam explicações por parte da diretoria. Nos corredores de São Januário há quem garanta que um processo de tentativa de impeachment já está sendo costurado pela oposição dentro dos próximos dois meses.

Na última segunda-feira (1), o Conselho Fiscal emitiu um parecer de abstenção sobre as contas de 2018. O poder se baseou num regimento interno, aprovado em novembro de 2018 pelo Conselho Deliberativo, em que se permite essa posição caso a diretoria administrativa não emita os documentos até 10 dias antes do prazo pré-estabelecido. De acordo com o órgão, os papéis foram entregues dia 18 de março, sendo que a data limite era 10 de março.

Parecer de abstenção do Conselho Fiscal sobre as contas de 2018 do Vasco

No mesmo dia, o presidente do Conselho Fiscal, Edmilson Valentim, e mais de 60 conselheiros de oposição levantaram os principais pontos que servirão de questionamento a Campello na reunião do Conselho Deliberativo ainda sem data marcada.

Entre os itens de destaque estão dívidas trabalhistas que não foram pagas e geraram multas; a relação com o "Banco Paulista" - instituição onde foi aplicado o dinheiro da venda do atacante Paulinho e que foi responsável por repassar o valor ao clube de forma fracionada ao longo de quatro meses; um novo empréstimo junto ao empresário Carlos Leite na ordem de R$ 4,2 milhões; e a atuação do filho do mandatário, Eduardo Campello, no departamento de futebol.

Conselheiros querem saber relação com banco e o não repasse de juros. Vasco explica

No que se refere à relação entre o Banco Paulista e a venda do atacante Paulinho para o Bayer Leverkusen (ALE), os conselheiros exigem documentos que detalhem a relação do clube com a entidade. Segundo os opositores, a diretoria não apresentou ainda o contrato entre as partes. Eles também questionam o fato do banco não repassar o rendimento de juros pela aplicação.

O UOL Esporte entrou em contato com integrantes da diretoria que responderam tais questões. Além de garantirem que o Vasco é o titular da conta, informaram que, no momento da venda do atleta, fixaram o câmbio para não terem perdas, estratégia que, segundo os próprios, é utilizada por grandes empresas e investidores para minimizarem riscos. Tal fato, de acordo com eles, explica o repasse para as contas do clube (Caixa e Bradesco) sem os juros. Foi feita também uma ressalva de que a conta no Banco Paulista é feita única e exclusivamente para câmbio (operação no exterior).

Opositores apontam altos juros para Carlos Leite. Vasco rebate

Em relação ao novo empréstimo junto ao empresário Carlos Leite, os conselheiros de oposição denunciam um pagamento três dias depois com juros altos, de cerca de R$ 300 mil em relação ao valor original. O Vasco confirma a cronologia do tempo, mas alega que Leite recebeu apenas R$ 6 mil de juros, mas que no momento do pagamento, depositou juntamente quantias referentes a duas parcelas de outras transações que ele fez ao clube como garantidor.

As pessoas ouvidas pelo UOL Esporte garantem que isso é facilmente comprovável analisando o contrato de muto entre Vasco e Carlos Leite por conta de tal empréstimo, e com os extratos destas duas parcelas que o empresário pagou porque no momento o Cruzmaltino estava sem caixa (ou por bloqueio ou por qualquer outro motivo).

Fonte: UOL Esporte