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Oposição divulga nota sobre as contas de 2009

Nota publicada pelo site da Cruzada Vascaína, principal grupo de oposição da política vascaína (texto original - clique aqui):

\"Cruzada Vascaína analisa parecer do Conselho Fiscal sobre economia e finanças do CRVG em 2009

A Cruzada Vascaína, representada por sua comissão de estudos financeiros, reuniu-se com o propósito de analisar e opinar acerca do parecer anual do Conselho Fiscal do Club de Regatas Vasco da Gama, sobre a movimentação econômico-financeira referente ao exercício de 2009 e também sobre o parecer independente de um de seus membros, Helio Donin. Foram confrontados e analisados os motivos e as argumentações que levaram às conclusões, e toda a análise considerou apenas os aspectos técnicos apontados, sem o exame de qualquer documento do clube além do orçamento e das demonstrações financeiras. O grupo teve, ainda, a oportunidade de discutir o parecer do Conselho Fiscal, pessoalmente, com seu presidente Hércules Santana e com o vice-presidente de Finanças, Nelson Rocha. Infelizmente, apesar do interesse e do contato inicial, não foi possível reunir os demais membros do Conselho Fiscal.

O item relacionado ao orçamento mereceu observações semelhantes nos dois pareceres, ao destacarem o excesso nas dotações orçamentárias das despesas e a não solicitação, ao Conselho Deliberativo, de aprovação de suplementação de verbas. Cabem aqui duas críticas: a primeira, à comissão de orçamento do clube, que produziu os orçamentos de 2009 e 2010 sem considerar objetivamente os fundamentais aspectos relacionados às dívidas, resultando, dessa forma, no distanciamento das despesas orçadas perante as despesas realizadas, acrescidas do aumento do endividamento. A segunda refere-se ao funcionamento do Conselho Fiscal, que vem atuando no acompanhamento das contas com grande defasagem de tempo, o que muito prejudica a própria análise da execução do orçamento. Para o exercício de 2010, ainda não foram iniciados o acompanhamento nem as análises das contas e dos documentos do clube.

Em relação à baixa contábil da dívida com Romário, o vice-presidente de Finanças, Nelson Rocha, já havia relatado, em debate promovido pela Cruzada Vascaína no dia 13 de julho de 2010, que esse lançamento deveu-se à investigação feita na documentação do caso e que resultou na conclusão de que não havia comprovação documental de tal empréstimo. No entanto, nos dois pareceres ficou evidenciado que o lançamento de baixa é que não apresentou fundamentação documental suficiente. A discrepância no entendimento em relação ao procedimento adotado sobre um expressivo valor de dívida (R$ 14,8 milhões) sugere a imediata reversão do lançamento e os registros retroativos das despesas financeiras decorrentes da dívida.

Foram encontradas irregularidades, pelo Conselho Fiscal, em dois casos relacionados aos direitos de formação de atletas: 1) valor não contabilizado referente ao direito sobre o atleta Rodrigo Souza Cardoso (Panathinaikos); 2) crédito indevido para Soccer Features Limited e Paulo Eurico Teixeira, referente à comissão sobre recebimento do direito ao atleta Geder (Le Mans). Para as duas operações, foram emitidas faturas de mesma numeração (08004) em datas distintas pela empresa Soccer Features Limited. Não foram apresentadas justificativas ou esclarecimentos suficientes por parte da administração para as irregularidades financeiras, fiscais e contábeis, em nenhum dos casos.

Nenhuma das ressalvas constantes do Parecer do Conselho Fiscal do ano de 2008 foi cumprida ao longo de 2009, o que demonstra grande descaso da administração em relação ao exercício da função fiscalizadora daquele Poder.

Os contratos firmados com as empresas Torcedor Afinidade e BWA (prestação de serviços) e Eletrobrás (patrocínio) foram destacados no Parecer do Conselho, sem alusão a indícios de irregularidades, mas, sim, com um viés crítico em relação à eficiência na implantação e na execução desses contratos.

Ressaltamos que não poderíamos avançar em nossa análise além dos aspectos e considerações trazidos pelos membros do Conselho Fiscal – o que nos permitiria eventualmente apresentar novos elementos para cada item – porque não examinamos nenhum tipo de documentação interna do clube.

Com base no trabalho realizado, nossa opinião é a de que as contas de 2009 sejam aprovadas, com exceção daquelas já destacadas: dívida com Romário, casos Geder e Panathinaikos de receitas de formação de atletas e as ressalvas nas contas de 2008. Para esses itens, a diretoria administrativa deve imediatamente esclarecer, corrigir os erros e proceder aos registros contábeis, dando ao Conselho Deliberativo uma peça consistente para executar sua análise e votação da aprovação.

Essa conclusão vem acompanhada de uma grande preocupação nossa: a de que a simples aprovação de contas de 2009 pelo Conselho Deliberativo, junto com eventuais “promessas” de esclarecimentos feitas pela administração do clube, signifique a perpetuação de aprovações com ressalvas. São irregularidades muito relevantes e que devem ser prioritárias a partir de agora.

Depois de intensa campanha pela moralização do clube e pelo zelo quanto aos números oficiais apresentados, tudo que se exige da nova administração é a efetivação de práticas condizentes com a transparência e com a busca da excelência na administração. Mais agilidade e aprimoramento na elaboração dos orçamentos, comprometimento em relação aos prazos de fechamento das demonstrações financeiras e disponibilização de toda a documentação produzida são medidas que contribuirão para um processo administrativo mais eficiente. O prestígio aos Poderes do clube, especificamente ao Conselho Fiscal, é condição fundamental para sustentar a regularidade, a reestruturação administrativo-financeira e o desenvolvimento de nosso clube.

Esperamos que todas as discussões e decisões tomadas venham a convergir para a elucidação de importantes questões e para a correção dos problemas ocorridos, sem que os distúrbios políticos influenciem e afetem, como de costume, as atividades e o bom andamento do clube.\"

Fonte: Cruzada Vascaína