Opinião: "Procura-se Felipe"
Esse negócio de escrever coluna semanal, ainda mais sobre o mesmo assunto, é complicado. Nem sempre acontece algo capaz de gerar parágrafos e mais parágrafos que preencham esse espaço e encham linguiça suficiente para tomar um pouco do seu tempo. Anteontem fui ao Mário Filho e achei que sairia de lá com uma coluna pronta. Afinal, um Vasco e Flamengo é sempre um Vasco e Flamengo. Apesar de uma coisa ser uma coisa e outra coisa ser outra.
Mas não. Foi um jogo assim assim. Com destaque para a sequência de três defesas espetaculares de Fernando Prass, me lembrando um lance clássico do uruguaio Rodolfo Rodriguez, quando defendia o Santos nos anos oitenta. A muralha não só salvou o meu time, como ainda me acordou, já que a esta altura do jogo, eu quase cochilava.
Já faz uma semana, mas minha coluna não saiu desde que Neymar perdeu o pênalti tentando utilizar a cavadinha.
Isso só comprova minha opinião de que o goleiro tem que esperar a cobrança antes de pular para um canto aleatório. Explico: quando o pênalti é bem batido, goleiro nenhum pega. Aquele no cantinho (seja no alto ou embaixo), aquele que bate na parte lateral da rede é indefensável, a não ser que o goleiro seja o Homem Elástico.
Então, os goleiros deveriam focar em defender os mal batidos. Ou, pelo menos, os nem tão bem batidos. Tem jogador, muitos sulamericanos, que batem sempre com um tijolaço no meio do gol.
Se o goleiro não se mover, pega sem dificuldade. Como foi o caso do pênalti do Neymar, que me lembrou os que eu cobro no PlayStation, já que nunca consigo mirar no canto.
Não tive oportunidade também de comentar a primeira convocação do Mano Menezes.
Não conheço uns quatro ou cinco da lista, alguns nunca nem ouvi falar, mas é isso aí. Se o objetivo é renovar para a próxima Copa, é normal a gente começar a ser apresentado aos nossos novos representantes, enquanto o treinador vai definindo seu padrão, testando. Cabe a nós confiar. Claro que tem gente que ele não convocou por se tratar de um amistoso e ele estar justamente querendo apresentar a seleção a alguns jogadores. Júlio César, por exemplo. Duvido que não seja o goleiro titular. Mas não precisa ser testado. Mano jogou com a torcida (não para, com) e chamou os meninos da Vila, por quem tanto bradamos. Vamos ver se com a amarelinha eles tiram o salto alto e voltam a calçar as chuteiras.
Falando nisso, ando lendo que o São Paulo quer o Dunga como treinador. Pronto. A piada era essa.
Acho pobre quem usa o dinheiro para se julgar melhor que o outro. Por isso achei patético no videozinho do chat ao vivo que rolou pela internet o goleiro Felipe, do Santos, depois de ter ouvido de um torcedor que era mão de alface, responder que o que ele gasta de ração com seu cachorro era o que o cara ganha por mês. Típica resposta arrogante e ignorante, de quem esquece de onde veio. Deveria ele próprio comer a tal valorizada ração. Aliás, no videozinho, vários marmanjos sem camisa ouvindo uma música esquisita. Nessas horas me sinto aliviado por não ter realizado o sonho de criança de ser jogador.
Estou livre dessas concentrações.
Tá, essa coluna foi recordista de encheção de linguiça, mas como o Campeonato Brasileiro também tem sido, não me sinto tão constrangido. Quer dizer, só um pouquinho.
Serviço: Procura-se Felipe.
Quem encontrar favor entregar ao Borja na Gávea.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)
