Futebol

Opinião: Os dias em que me orgulhei de ser vascaíno

ESPAÇO ABERTO

Os dias em que me orgulhei de ser vascaíno

Diogo Rohloff Editor de Arte do LANCE!
diogor@lancenet.com.br


Dia 20 de dezembrode 2000, Parque Antarctica, final da Copa Mercosul. Palmeiras 3 x 2 Vasco. No auge da improvável reação de um time que terminara o primeiro tempo da final de uma competição continental perdendo por 3 a 0 na casa do adversário, o Vasco tem seu zagueiro expulso.

Aos 32 minutos do segundo tempo, era o fim da reação. A torcida palmeirense explodia em verde e branco, certa da conquista do título. A vascaína, quieta e encolhida em um canto do estádio, começava a aceitar que o campeonato lhe escapava. Quarenta minutos e o impossível acontece, Juninho Paulista empata, aproveitando bola rebatida na pequena área.

Agora, pense comigo. Jogo corrido, final de temporada, média de idade alta, um jogador a menos, casa do adversário. Tudo isso levava a crer que o mais prudente era mesmo administrar e levar a decisão para os pênaltis. Até a torcida concordava. Mas naquele time tinha um rei, um Reizinho. E aos 45 do segundo tempo, Juninho, o pernambucano, vira-se para a arquibancada, joga os braços para o alto, dá um soco no ar, bate no peito quatro vezes, inflama a torcida cruzmaltina e, na base da raça, trata de nos lembrar: o Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor! E apenas três minutos depois o Vasco sagrava-se campeão da Copa Mercosul com gol de Romário, numa das mais espetaculares partidas de futebol da História. Essa é a mais importante lembrança esportiva da minha vida.

Porém, naquele momento da minha vida, com 20 anos de idade, não importava o resultado daquele jogo. Por mim, poderia o Palmeiras ter marcando mais três gols no segundo tempo que não faria diferença. Eu já era vascaíno e não tinha volta. Graças a Deus.

E era impossível eu não ter me tornado vascaíno! Afinal, eu nasci em 1980, tive minha adolescência na década de 90 e entrei na vida adulta no começo do novo milênio.

Nesse período, eu vi meu clube conquistar três de seus quatro títulos nacionais, a Libertadores, a Mercosul, cinco Campeonatos Cariocas e um Torneio Rio-São Paulo.

Agora oito anos depois, no último domingo, dia 7 de dezembro de 2008, acompanhei mais um momento histórico desse clube. O fim da Era Eurico no Vasco da Gama.

Calma leitor, não fiquei louco, nem perdi a noção do tempo. É que, para mim, o fim da Era Eurico não foi a eleição de Roberto Dinamite. Na minha opinião, a Era Eurico acabou quando o árbitro apitou o fim da partida contra o Vitória, que decretou o rebaixamento do Vasco para a Série B, pois é a partir desse momento que, tenho convicção, começa a retomada do orgulho que é torcer pelo Vasco.

Mas naquele momento de tristeza, algo me alegrou. Enquanto pensava em como seria a capa do LANCE! mais difícil que tive de fazer em seis anos na casa, lembrei-me das brigas com Aline, minha namorada, e percebi que sempre que fazíamos as pazes e superávamos mais um obstáculo nosso amor se fortalecia, nossa paixão crescia e aquilo nos dava certeza de que a escolha tinha sido a correta. Nesses momentos difíceis, quando temos de lutar por alguma coisa, é que aquilo se torna importante para nós.

Por isso vos digo, vascaínos.

Joguem os braços para o alto, dêemum soco no ar, batam no peito quatro vezes e lembrem-se: somos o Time da Virada. Esta será apenas mais uma na nossa história, o que importa é que o sentimento não pára. Nunca.

Saudações vascaínas!

Juninho vira-se para a arquibancada, joga os braços para o alto, dá um soco no ar e bate no peito quatro vezes. Inesquecível!

Fonte: Lance!