Futebol

Opinião: "A melhor notícia da Copa até agora foi a saída de Roth do Vasco"

Cá entre nós: esta Copa não tá rolando, né? Pelo menos nesses primeiros dias, enquanto o Brasil não estreia. Tá que nem festa caída. Por mais animado que você esteja, se a música não estiver boa, se a cerveja não estiver gelada, se não tiver gente bonita... não adianta forçar animação. Ainda não se viu nada de espetacular, nenhuma seleção com algum esquema revolucionário (se é que ainda é possível revolucionar alguma coisa no futebol), nenhum craque comendo a bola, tudo muito assim assim. Para se ter uma ideia, o maior destaque até agora foi a Shakira na cerimônia de abertura.

Acho que posso me sentir um privilegiado: ainda não vi um jogo inteiro. Nenhum. Jamais fiquei 90 minutos sentado no sofá diante da TV. Ou seja, não tive que ver as peladas que andam rolando pelas bandas africanas. Parece que a Era Dunga tomou conta do mundo inteiro. Nem a cerimônia de abertura eu vi. Mas isso já não faço há umas três Copas. Me recuso, enquanto não chamarem o Jorginho Fernando para dirigir.

Não é birra, nem falta de interesse. É que estou diariamente gravando meu novo projeto na TV Globo e por isso estou “lendo” muito mais do que “vendo” a Copa. Claro, quando chego em casa, vejo uma ou outra mesaredonda, melhores (?) momentos pela internet e por aí vou tirando minhas conclusões. Mas, ao vivo mesmo, só através dos comentários pelo Twitter. E eles não têm sido lá muito favoráveis.

O assunto mais comentado não é a atuação de nenhum craque, nenhuma zebra, nenhuma goleada histórica. É a tal vuvuzela. Vou me juntar ao coro: ô coisa insuportável! A sensação de que uma multidão de mosquitos está tomando conta ou de que o trem está constantemente chegando à estação é enlouquecedora. É papo de tirar o som da TV e colocar uma música. Se eu tivesse comprado (caro) um ingresso, e ao meu lado se sentasse um gringo vuvuzelando durante a partida, eu iria ao Procon. Dinheiro de volta na hora! Ou minha saúde mental ou o jogo. O Brasil podia revidar e, para a próxima Copa, lançar a moda de arranhar quadro-negro com as unhas. Já pensou? O Maracanã inteiro fazendo aquele barulhinho insuportável, levando jogadores ao suicídio.

Por enquanto, quem apresentou o melhor futebol foi a Alemanha. O que prova que o nível realmente não é dos mais elevados.

O destaque ficou por conta do goleiro inglês Green, que, dizem as más línguas, fumou seu xará antes da partida e, curtindo a maresia, não teve reflexo suficiente para defender o chute do jogador ianque.

Domingo de manhã eu vi o segundo tempo de Sérvia x Gana. Eu tinha ido a uma festa na véspera e posso garantir: de ressaca, o jogo ficou ainda pior.

Os melhores momentos de Dinamarca x Holanda deveriam ser as imagens das arquibancadas. A mulher mais feia era a mulher mais bonita que eu já vi. Quando a Copa for no Brasil, já sei quais torcidas vou frequentar.

A melhor notícia da Copa até agora foi a saída de Celso Roth do comando do Vasco. Por mais esquisita e surpreendente que tenha sido, foi um alívio. O Vasco está contratando reforços ofensivos. Jogadores assim não cabem num time comandado por quem prefere os volantes.

Já o Cruzeiro apresentou oficialmente Cuca como seu novo treinador. Bom, já sabemos quem não vai ser campeão brasileiro.

Hoje, o Brasil estreia e até a hora em que escrevi esta coluna não sabia onde iria assistir ao jogo. O que comprova a desanimação geral. Por favor, alguém me convida. Eu levo a cerveja. E uma vuvuzela, pra gente entrar no clima.

Fonte: Coluna de Bruno Mazzeo - O Globo