Futebol

Opinião: "Vasco de Cristóvão Borges é camaleão"

\"\"Quando Ricardo Gomes sofreu o AVC na partida contra o Flamengo, última do turno do Brasileirão, e o Vasco resolveu seguir com o auxiliar Cristóvão Borges no comando técnico, imaginou-se que não só a filosofia de trabalho seria mantida, mas também a estrutura tática que levou o time ao título da Copa do Brasil.

Errado. Cristóvão deu à sua equipe um toque de versatilidade. A mesma que exibia nos campos nos anos 1980, como volante ou meia no Bahia, Fluminense, Corinthians, Grêmio, entre tantas outros clubes que contaram com seu futebol simples, elegante e…polivalente.

O Vasco de Ricardo Gomes atuava basicamente num 4-3-1-2 que variava para um 4-3-2-1. A chave era o posicionamento de Diego Souza de acordo com o desenho tático do adversário. Contra equipes com dois volantes, o camisa dez abria pela esquerda para combater o lateral adversário. Diante de times com um volante plantado, Diego Souza atuava na ligação para encaixar a marcação.

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O Vasco de Ricardo Gomes campeão da Copa do Brasil: 4-3-1-2 que variava para 4-3-2-1 de acordo com a movimentação de Diego Souza, que podia ser meia de ligação ou quase um atacante pela esquerda.

Com Cristóvão, o time cruzmaltino é mutante, se transforma de acordo com o adversário e as circunstâncias do jogo. Pode atuar no 4-3-1-2, mas com Felipe como meia de ligação como nos 2 a 0 sobre Bahia e Botafogo, e no 4-3-2-1 de Gomes. Mas também no 4-3-3, como nos 3 a 0 sobre o Grêmio e no 4-2-3-1, esquema dos 2 a 2 contra o Corinthians em São Januário.

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O 4-2-3-1 contra o Corinthians: Juninho na articulação central, Éder Luís e Diego Souza pelos flancos e Elton mais fixo no ataque.

No empate com a Universidad de Chile em São Januário, mais uma variação: o 4-1-3-2, com Rômulo plantado à frente da defesa, uma linha de três armadores formada por Allan à direita, Juninho centralizado e Felipe criando pela esquerda. Na frente, Bernardo e Elton. Sem Diego Souza, suspenso, e Éder Luís, lesionado, o Vasco foi melhor no primeiro tempo tocando a bola e atacando em bloco.

Mas também saindo rápido nos contragolpes, como no lançamento de Alan que desviou em um defensor adversário e encontrou Bernardo livre para abrir o placar.

Com a saída de Felipe aos 15 minutos do segundo tempo com dores no adutor da perna esquerda, o time brasileiro perdeu volume de jogo, sentiu o desgaste de tantos jogos decisivos e viu a ótima “La U”, em um ousado 3-4-3, avançar suas linhas e ocupar o campo de ataque até empatar na bola parada que encontrou o zagueiro Osvaldo González solto na área.

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Contra a Universidad de Chile pela Sul-Americana, um 4-1-3-2 com Rômulo mais plantado à frente da zaga e três armadores se juntando a Bernardo e Elton.

O resultado na primeira semifinal da Sul-Americana não foi o ideal, mas há como vencer no Chile. Assim como é possível superar os rivais Flu e Fla e, contando com um tropeço do Corinthians, conquistar o quinto título brasileiro do clube.

Porque o Gigante da Colina não é apenas flexível taticamente. Também possui jogadores capazes de cumprir múltiplas funções. Diego Souza pode ser meia, atacante pela esquerda ou até centroavante; Bernardo é meia-atacante, mas também joga na frente; Jumar é volante e lateral-esquerdo; Juninho pode articular de trás ou fazer a ligação mais avançado; Allan é volante, meia, lateral e até ponta pela direita.

Felipe vem armando o time em qualquer setor do campo, independentemente da posição. Sem falar em Dedé, zagueiro que é o craque do time, capaz de desarmar, iniciar a jogada e aparecer na área para concluir.

O Vasco de Cristóvão merece ser exaltado pela fibra e vontade de vencer todas as competições, ainda que os títulos não venham. Mas também faz jus aos elogios pela dinâmica e versatilidade tática. Um autêntico time “camaleão”.


Agradecemos ao nosso colaborador Murilo Miranda pelo envio da matéria.

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Fonte: Blog Olho Tático - Globesporte.com