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Opinião: "Uma última chance de agir"

O Estatuto do Torcedor e a Moralização do Esporte foram, no já distante ano de 2003, as primeiras leis sancionadas pelo presidente Lula que assumia. Parecia um prenúncio de que muita coisa avançaria no nosso Fut em direção à modernidade e à transparência da gestão, à segurança e ao respeito pelo torcedor e pelos clubes, verdadeiros patrimônios nacionais.

Houve progressos, de fato, mas pontos importantes jamais saíram do papel. E muito pouco se fez para que fossem cumpridos. Sob o comando de Agnelo Queiroz – aquele que dividia palanques com os que desafiavam o Estatuto, o ministério do Esporte nada trabalhou para regulamentar o que tinha de ser regulamentado, para punir os que desrespeitavam o texto. Na gestão Orlando Silva, muito tempo se perdeu neste processo, poucos foram os avanços substantivos.

As medidas que hoje serão assinadas pelo presidente da República – muitas delas bandeiras defendidas por este LANCE! desde o início de sua existência – também registram avanços. Especialmente no que pese a criminalização e o combate à baderna e aos cambistas, a busca da segurança física dos estádios. Também há decisões polêmicas como a viabilidade do cadastramento nacional e a obrigatoriedade da carteira de torcedor.

Umas ou outras, não basta propor, é preciso fazer cumprir. De novas leis, projetos, MPs, portarias e regulamentos, este país está farto. É preciso que se crie mecanismos de implantação, de fiscalização e de punição. Era louvável a intenção do ministério de criar, na Secretaria do Futebol, uma ouvidoria nacional, fórum de denúncia dos descumprimentos do Estatuto.

Era, pois não foi incluída no projeto.

No seu último quarto de governo, o presidente Lula e o ministro Orlando Silva chegam à hora da verdade. Em suas mãos está o poder de decidir que legado querem deixar para o esporte nacional, para o futebol brasileiro. Se querem ser lembrados como meros torcedores ou como alguém que mudou, de fato, o jeito de se torcer no Brasil.

Fonte: Lancenet!