Opinião: Trabalho de Abel Braga é indefensável
Primeiro Abel Braga alegou que não arriscaria seus titulares sem ritmo contra o time sub-23 do Flamengo. Perdeu por 1 a 0. Depois usou o pouco tempo de trabalho como argumento para novamente colocar reservas diante do Botafogo, ainda na Taça Guanabara. Empatou por 1 a 1 e sequer chegou às semifinais do turno.
Agora, com as chances do título mais acessível na temporada indo para o ralo e a possibilidade de um último suspiro, chegando ao menos às semifinais da Taça Rio, novamente os reservas contra o Fluminense. Ou time misto, já que Fernando Miguel, Andrey, Raul e Marrony estavam em campo.
O motivo? Poupar a maioria dos titulares pensando na partida de volta da Copa do Brasil, contra o Goiás no Serra Dourada. Com a desvantagem de ter perdido por 1 a 0 em São Januário e a grande probabilidade, confirmada ainda hoje, de que a CBF suspenderia todas as competições nacionais por conta da pandemia do coronavirus.
A campanha ridícula no estadual não permitia esse "luxo" ao Vasco. A menos que desde o primeiro clássico a "estratégia" do treinador fosse tirar a pressão sobre o próprio trabalho, diminuindo as cobranças nos reveses dos clássicos.
Os cruzmaltinos em campo foram, ao menos, dignos. Se esforçaram e tiveram até melhores oportunidades no primeiro tempo morno no Maracanã com portões fechados. Marrony perdeu a melhor delas. O Fluminense de Odair Hellmann deixou espaços entre os setores, cobriu mal o lado de Egídio e poderia ter saído atrás no placar.
Mas no passe de Nenê para Evanilson, o toque por cima do camisa nove para colocar o tricolor na frente. O camisa nove, que dá dinâmica ao ataque com Wellington Silva e João Paulo, poderia ter marcado o segundo ainda antes do intervalo, ou provocado a expulsão do zagueiro Ricardo Graça pela falta com apenas o goleiro à frente do atacante. Só cartão amarelo.
Segundo tempo ainda menos intenso, com Flu administrando e Vasco tentando, mas claramente esbarrando em limitações técnicas. Abel ainda mandou a campo Yago Pikachu e Benítez para reagir, mas não foi suficiente. Os jogadores que vieram do banco do Flu foram mais felizes: chute de Caio Paulista na trave, gol de Fernando Pacheco.
O Fluminense termina a rodada – provavelmente a última antes da "quarentena" e pode ser a derradeira se o calendário brasileiro ficar tão apertado que seja necessário sacrificar os estaduais – com a melhor campanha geral. 24 pontos, dois à frente do Flamengo. A vitória sobre o sub-23 rubro-negro na fase de grupos do turno é a diferença na pontuação. Justamente o que Abel Braga abriu mão lá no início da temporada.
Há uma semana, este blog classificou o trabalho como fraco. Agora é simplesmente indefensável. Frágil no desempenho, inconsequente em algumas decisões e mais infeliz ainda nas declarações públicas. O treinador veterano precisa repensar tudo. Não pode ser responsabilizado por tudo de errado que acontece no Vasco da turbulência política e do caos financeiro, mas deve ser cobrado pelos equívocos em profusão.
Escalar time misto no clássico da vida no Carioca foi só mais um de muitos até aqui. E só estamos em março.