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Opinião: "Time tem atuação simbólica de seu péssimo segundo turno"

Se um desavisado assistisse aos minutos finais do empate entre Corinthians e Vasco por 0 a 0, no domingo, jamais imaginaria que o time de camisa preta precisava de um gol para seguir vivo na luta contra o rebaixamento.

Com sete finalizações e 43% de posse de bola, a equipe vascaína em momento algum conseguiu pressionar o rival, que finalizou 12 vezes e controlou a maior parte do jogo. Deu a impressão de que o Vasco disputava uma partida de meio de Brasileiro e considerava o empate um bom resultado. Porém, o time entrou em campo ciente de que a igualdade praticamente decretava a queda para a Série B.

- Não tem como mentir. O Vasco tem que fazer 12 gols, o Brasil tomou sete e foi um aborto. Temos que ser realistas e não passar mentira para o torcedor - disse Vanderlei Luxemburgo após o jogo.

O treinador agora tem campanha idêntica à de Sá Pinto no comando do Vasco no Brasileiro-2020: duas vitórias, quatro empates e cinco derrotas.

Criticado por parar no lance do gol de Thiago Galhardo na rodada anterior, diante do Inter, Leo Gil foi barrado por Luxemburgo. Com Andrey ao lado de Bruno Gomes, o sistema defensivo melhorou. No primeiro tempo, houve dois sustos: um contra-ataque de cinco contra dois desperdiçado pelo Corinthians e um chute de Fagner que parou nas mãos de Fernando Miguel.

O problema era no setor ofensivo. Como de costume, Cano ficou isolado. Talles Magno e Yago Pikachu, que chegaram a subir de produção nos primeiros jogos sob o comando de Luxemburgo, voltaram a evidenciar que não conseguiram sequer se aproximar do nível demonstrado em 2019. Nos primeiros 45 minutos, o Vasco só levou (pouco) perigo em chute de longe de Carlinhos.

No intervalo, já existia o incômodo com a passividade do time em jogo tão importante. Mas havia a esperança de que o Vasco tivesse pelo menos senso de urgência na segunda etapa. Não foi o que ocorreu em campo.

Jogo evidencia carências do elenco

Entre os 14 e os 33 minutos do segundo tempo, Luxemburgo mudou os cinco jogadores mais ofensivos do time. Saíram, pela ordem cronológica, Talles, Andrey, Pikachu, Cano e Carlinhos. Entraram Catatau, Juninho, Gabriel Pec, Tiago Reis e Marcos Júnior.

Mesmo com tantas substituições, o setor ofensivo continuou inoperante. O Vasco só ameaçou em cruzamento de Carlinhos que acertou o travessão. Já na parte final, o time precisava desesperadamente do gol. Mas quem tocava a bola e rondava a área adversária era o Corinthians. Fábio Santos, Jô e Cazares ameaçaram a meta vascaína.

A chance derradeira de manter o Vasco na briga veio aos 45 minutos, quando Catatau lançou Gabriel Pec, que chutou travado pela defesa. No momento mais importante da temporada, o ataque vascaíno tinha dois garotos da base - Pec e Tiago Reis - e um jogador que disputou o último Carioca pelo Madureira - Catatau. Diz muito sobre a formação do elenco do Vasco para a temporada que acabará no quarto rebaixamento do clube.

Outras quedas também tiveram três técnicos

Luxemburgo já havia participado de campanhas que levaram à queda, como em 2002, no Palmeiras, mas quinta-feira será a primeira vez que estará à frente de uma equipe no dia do rebaixamento, como ele próprio admite. Terceiro técnico vascaíno efetivo no Brasileiro, ele chegou a São Januário após a 26ª rodada e não conseguiu recuperar o time.

Em sua primeira passagem pelo Vasco, em 2019, Luxemburgo conseguiu evitar com certa tranquilidade o rebaixamento para a Série B. O time terminou aquele Brasileiro em 12º, e o trabalho do treinador foi elogiado. Em 34 jogos na ocasião, a equipe teve aproveitamento de 47%.

Prestes a cair pela quarta vez em 12 anos, o Vasco tem uma receita em comum nessas temporadas: a constante troca de treinadores ao longo da competição.

Em 2008, o Vasco teve Antônio Lopes, Tita e Renato Gaúcho. Cinco anos depois, os treinadores foram Paulo Autuori, Dorival Júnior e Adilson Batista. Em 2015, o time teve novamente três comandantes: Doriva, Celso Roth e Jorginho.

Fonte: ge