Opinião: "Tarde de beleza"

Uma das festas mais bonitas deste Campeonato do Rio aconteceu ontem, em São Januário, começando pela comovente e oportuna manifestação contra o racismo.

O sentimento de igualdade estava na camisa negra do Vasco, simbólica, e também na presença do Bangu do outro lado, um dos clubes que primeiro se manifestaram contra a discriminação no futebol e no esporte.

Pensam que a beleza ficou por aí? Que nada. Ela se estendeu ao campo, em seguida, com o desfile que Felipe fez de sua categoria, na vitória de 4 a 0 contra o Bangu. É verdade que a facilidade se acentuou depois que Raphael, um volante irresponsável do Bangu, foi expulso logo aos 19 minutos de jogo, depois de receber dois cartões amarelos muito bem aplicados.

Até então era um jogo igual, equilibrado, e já muito bom. Depois, foi só do Vasco, ou seja, de Felipe — que deu os passes para as jogadas dos três primeiros gols e, não satisfeito absolutamente, se encarregou de fazer o quarto, com um chute milimetricamente colocado no canto. Quatro demonstrações da arte de saber jogar futebol: três passes, um gol.

E o Vasco não foi, nem é, só o Felipe. Tivemos os gols bem feitos de Dedé, de Éder Luís (outro destaque), e Alecsandro, em boa jogada também de Bernardo, que entrou no segundo tempo. Temos Anderson Martins se firmando na zaga, ao lado de Dedé; Felipe Bastos apresentando uma alternativa no meio de campo, o jovem Bernardo no banco — enfim, temos um novo Vasco se reconstruindo com a costumeira serenidade de Ricardo Gomes.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)