Opinião: 'Poucos tiveram tanta fama quanto Eurico Miranda'
Polêmico, ardiloso, amado, odiado... Eurico Miranda era tudo isso e muito mais. Como ensina o próprio hino do Vasco:'A tua fama assim se fez'. E poucos tiveram tanta fama quanto ele.
Aos 74 anos, o mais representativo dirigente da história do clube foi vencido pelo câncer, o pior dos adversários. Ele morreu ontem, no Hospital Vitória, na Zona Oeste do Rio, depois de travar durante anos uma batalha contra a doença. O enterro será hoje à tarde, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, em cerimônia restrita para amigos e familiares.
Debilitado, Eurico quase não estava aparecendo mais em público. O quadro de saúde se agravava e ele já apresentava dificuldades até para conseguir se alimentar. Em casa, havia uma espécie de UTI, com enfermeiras se revezando nos cuidados. As visitas eram restritas. Ontem de manhã, piorou e foi levado ao hospital, mas morreu no começo da tarde.
A doença custou a dobrar Eurico. Ele superou um câncer na bexiga e, outro, no pulmão. O charuto era indispensável, assim como o amor pelo Vasco e pela 'boa briga'. Mas até a maior das paixões teve que ser deixada de lado. Presidente do Conselho de Beneméritos do clube, em novembro, Eurico, muito debilitado, precisou de ajuda para se levantar e puxar o famoso grito de Casaca, tradição da qual era ferrenho defensor. De lá para cá, reduziu as idas a São Januário, mas acompanhou alguns jogos e até treinos no CT de Vargem Grande.
Com uma vida dedicada ao Vasco, Eurico participou ativamente da política do clube desde a década de 1960. Foi vice de futebol de 1986 a 2001, na gestão de Antonio Soares Calçada. Depois, presidente em dois períodos: de 2003 a 2008, e de 2015 a 2017. Esteve presente nas maiores conquistas: o Campeonato Brasileiro de 1997, a Copa Libertadores da América de 1998, a Copa João Havelange de 2000 e a Copa Mercosul de 2000. Teve duas grandes frustrações: os vice-campeonatos mundiais em 1998 e 2000. E o maior fracasso de todos como cartola: o rebaixamento à Série B em 2015.
As polêmicas como dirigente foram inúmeras. Na Era Eurico Miranda, a rivalidade com o Flamengo foi acirrada ao extremo. "Era um campeonato à parte", fazia questão de dizer. Também colecionou desafetos no mundo do futebol, articulou o que pôde nos bastidores, comprou briga com a 'Rede Globo', a ponto de fazer o time entrar em campo com o símbolo do SBT na camisa na decisão da Copa João Havelange, em janeiro de 2001. Detalhe: o jogo era transmitido ao vivo pela 'Globo'.
Como cartola, participou ativamente de grandes negociações: como os retornos de Roberto Dinamite, da Espanha, de Romário e Edmundo. Um dos ápices foi a contratação de Bebeto, tirado do Flamengo num verdadeiro golpe de mestre, em plena idolatria absoluta.
Personalidade onipresente no futebol carioca, se elegeu duas vezes deputado federal e, claro, levou o estilo à Câmara. E ironizava: "Sempre digo lá em Brasília que não sou representante do povo. Sou representante do Vasco". Em 2001, a CPI do Futebol o acusou de usar 'laranjas' para receber recursos que saíam da Vasco da Gama Licenciamentos, mas escapou da cassação.
Em 2017, em mais uma eleição marcada por denúncias de irregularidade, viu a Justiça anular o seu triunfo por fraudes e declarar vencedor Júlio Brant. No entanto, articulou no Conselho Deliberativo e conseguiu fazer de Alexandre Campello, então vice na chapa do próprio Brant, o novo presidente. Foi o ato final de um dos mais famosos cartolas da história do futebol brasileiro. Eurico sai de cena.
Fonte: O DiaMais lidas
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