Futebol

Opinião: Pobre Antônio Lopes

Era para ser uma noite alegre em São Januário. O Vasco 6 x 1 Atlético-MG deveria aliviar o clima. Não aliviou. O meia Morais abandonou a concentração porque foi ameaçado pelos torcedores. Edmundo saiu atirando. Criticou Morais e ainda acusou os companheiros Leandro Bomfim e Jean de simularem lesões para não jogarem contra o Galo. Leandro e Jean rapidamente reafirmaram seus problemas físicos e se disseram revoltados com o "Edmundo médico".

Péssimo, mas o que mais me chamou atenção na confusa noite vascaína foi a constrangedora entrevista do técnico Antônio Lopes. Vendo a moleza que estava a partida, Lopes resolveu tirar Edmundo para colocá-lo em condições de jogar no Morumbi contra o São Paulo. Edmundo, para quem não sabe, fez uma inacreditável combinação com a comissão técnica do Vasco para jogar uma única partida por semana. A alegação é que ele não teria condições físicas de atuar em duas.

Papagaiada. A questão não é essa, Edmundo não quer jogar uma partida por semana. Ele quer jogar, sim, apenas no Rio. Sem aviões, hotéis, pressão de torcidas adversárias. O estranho não é Edmundo propor uma coisa dessas, o incrível é o Vasco aceitar.

Como vai mal das pernas, o Vasco precisa de qualidade no ataque não apenas nas partidas no Rio. Lopes pensou assim. Tirou o Animal do jogo fácil para, quem sabe, contar com ele no jogo difícil do domingo. Edmundo ficou uma fera e espinafrou o técnico. Edmundo quer engrossar suas estatísticas, quer pegar Romário na artilharia de todos os tempos do Brasileiro. Dinamite é o primeiro com 190 gols, Romário é o segundo com 155 e Edmundo vai logo atrás com 147. É mais fácil marcar em uma goleada já encaminhada contra o Galo do que contra a dura defesa do São Paulo. Edmundo sabe disso, por isso ficou furioso.

Na entrevista coletiva após os 6 x 1, Lopes foi informado da fúria de Edmundo. E como se fosse o subordinado, não o chefe, disse que acatava a decisão do craque mimado de não jogar. Patético.

Fonte: Carta Bomba - André Rizek