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Opinião: "Pela dignidade da instituição"

A falta de dinheiro, o volume de dívidas e a divisão política fazem do Vasco, hoje, um clube que navega numa linha imaginária entre o passado e o futuro.

Quando se olha para um clube que por oito anos foi administrado política, administrativa e financeiramente pelo destemperado Eurico Miranda, enxerga-se o futuro: reluz como ouro a esperança por dias melhores.

Mas ao se constatar que o futuro parece preso à discussão sobre a importância de ter um ser imoral a representá-lo nos bastidores relembramos do recente passado: fétido e sem as glórias decantadas.

Assim, nesta dicotomia alimentada pelo desejo de poucos de ver o clube novamente entregue a mãos insanas, seus jogadores vestem o fardão e vão a campo para as batalhas pela dignidade da instituição.

Num primeiro momento, no confronto com as forças de menor expressão, as mazelas não o derrubam _ o elenco é honesto para sua realidade, tem lá suas peças que produzem valor ao jogo e tem um formato.

Bem ou mal _ tem um formato: dois zagueiros de diferentes estilos, dois laterais jovens e ofensivos, três volantes que sabem jogar, um meia forte e veloz, outro técnico e habilidoso, e um finalizador.

O técnico, por ora, dá o mínimo possível: conhecimento do clube, prestígio da diretoria, simpatia da torcida e confiança nos jogadores.

Mas isso não basta, não o faz forte e nem garante um mar límpido para a travessia da temporada.

Só a possibilidade de ter de encarar o Santos, na melhor das hipóteses, na final da Copa do Brasil, antes portanto do Campeonato Brasileiro, já provoca calafrios e tormenta aos vascaínos.

Ainda assim, reforçar o time e contratar um técnico que encorpe o elenco para o restante da temporada é hoje tão secundária quanto a discussão sobre se a terceira camisa deve ser usada em jogos oficiais.

A diretoria, que tanto lutou para chegar ao poder e mudar a imagem do clube, deve agora reunir forças e se mostrar presente tanto nas soluções dos problemas financeiros, quanto na defesa moral da instituição.

Seus jogadores, sua comissão técnica, seus funcionários administrativos e seus torcedores não podem arcar sozinhos com os prejuízos causados por gestões passadas.

É hora de mostrar às claras o que foi feito com o dinheiro da finada parceria com o Nations Bank e explicar porque se deve tanto a jogadores que vestiam a camisa do clube quando dinheiro era abundante, casos de Euller e Donizete, só para citar dois exemplos.

Os responsáveis foram identificados pelos auditores técnicos que trabalharam para a CPI do Futebol e só não foram punidos pela Justiça, em primeira análise, porque, na época, os poderes do clube, principal lesado na conclusão do relatório, não prestaram queixa.

Já está mais do que na hora de desmascarar os farsantes.

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