Opinião: Olho no Romário
O jogo de hoje, entre Vasco e América do México, que pouco entusiasmava, ganhou agora um atrativo de respeito. Ganhou expectativa. Ganhou, sobretudo, uma dose especial de curiosidade. É Romário atuando como técnico. Como técnico e como jogador.
Uma dupla curiosidade. Primeiro, porque é ele, Romário. Segundo, pela oportunidade rara de podermos observar essa experiência.
Um profissional atuando ao mesmo tempo como técnico e como jogador.
Os desafetos de Romário, que não são poucos, já estão considerando uma maluquice essa história de escalar o jogador como técnico, ainda que por uma partida só. Os admiradores de Romário, que são muitos, já estão se mobilizando para apoiá-lo, e o ensaio se deu ontem, quando São Januário recebeu um público muito maior do que o normal para assistir ao seu seu primeiro dia como técnico.
Tenho cá minhas restrições ao Romário — não como o jogador que foi, é claro, um jogador excepcional — e já estranhei, ontem mesmo, a escolha do presidente interino do Vasco.
Mas que também estou curioso para ver Romário em sua dupla função, isso estou. Como será o Romário técnico? Se, na qualidade única de jogador, ele já distribuía broncas homéricas para os companheiros, imaginem agora, com a autoridade de técnico? Será que vai exagerar? E, nesse caso, os companheiros agüentarão aquela marra toda dentro de campo, ditando regras de comportamento, no chamado calor da refrega? Ou será que, ao contrário, imbuído de um espírito conciliador de comandante, Romário optará pela diplomacia e pelo companheirismo, para manter o time unido na difícil tarefa da vitória? Dificílima tarefa. Depois de perder o jogo no México, por 2 a 0, o Vasco precisa vencer por três gols de diferença.
Não seria brincadeira nem para um redivivo Rinus Michels, considerado o melhor técnico do mundo, numa dessas enquetes extravagantes e superficiais — imaginem para um técnico estreante, ainda que seja o Romário! Vou ficar de olhos abertos em cima do Romário e do Vasco, num jogo que, a princípio, eu veria com um olho só. Afinal de contas, é o Romário, não é?