Futebol

Opinião: "O Vasco já merece aplausos"

Há algo especial neste Vasco. Os exotéricos e espiritualistas diriam que o gigante da colina tem um astral diferente.Os filósofos apontariam a forma de o time pensar o futebol como principal aspecto para distingui-lo dos concorrentes. Os fãs da psicologia ressaltariam a importância da harmonia entre os jogadores e o comprometimento deles com o clube. Os racionais encontrariam razões técnicas e táticas na hora de justificar o sucesso. Juntos, eles esclarecem tudo. A soma dos fatores explica a bela temporada cruz-maltina.

O massacre diante do Aurora na Copa Sul-Americana serve de exemplo. Precisava ganhar por três gols de diferença. Logo no começo do segundo tempo Leandro marcou 4x1. Outra equipe, daquele momento em diante, privilegiaria a defesa e o contragolpe. Se pouparia contra o fraquíssimo adversário. Corinthians, Botafogo, Flamengo e Fluminense, rivais na disputa pelo Brasileirão, costumam agir assim. O Vasco continuou atacando.

Tem sido ousado desde quando garantiu a classificação para a próxima Libertadores. A história mostra a queda de rendimento das agremiações após o êxito. Dos 23 vencedores da Copa do Brasil, só o Cruzeiro de 2003 ganhou o Campeonato Brasileiro no mesmo ano e apenas o Corinthians, algoz do Brasiliense em 2002, foi vice.

Os vascaínos dispensaram a tradicional acomodação pós-objetivo cumprido e hoje, sem dúvida, são parte de um time bem superior àquele que derrotou o Coritiba na decisão. Sem ambiente profissional, nada disso seria possível.

A união e o clima positivo geraram o crescimento individual dos boleiros. Nenhum está rendendo menos que pode. Compare o elenco do líder com o flamenguista. O do rubro-negro é melhor, mas apenas até o jogo começar. Na prática, a capacidade, humildade e trato gentil de Ricardo Gomes surtiram ótimo efeito coletivo, enquanto a verborragia de Luxa redundou na retranca básica, previsível.

O caminho do pessoal de São Januário na busca por outro troféu em 2011 é difícil. Exige cuidado com a crise são-paulina e reserva confrontos mais difíceis que os corintianos. O resultado importa, mas não muda algo relevante: quem gosta de futebol terminará 2011 aplaudindo.

Fonte: Jornal Lance