Futebol

Opinião: "No piloto automático"

Tá certo que o Vasco mais uma vez venceu sem convencer e que jogou mal durante boa parte da partida. Mas tem uma galerinha que parece não ver as partidas e critica do mesmo jeito. Antes que os apressadinhos de plantão pensem que estou mais uma vez detonando a torcida, não se trata disso. Sou um dos que acha que o Vasco que não tem jogado nada e que merece ouvir a maioria dos protestos que a galera vem fazendo. Mas uma coisa é ver o que o time fez em um jogo e outra é entrar no piloto automático e fazer as mesmas reclamações de sempre, mesmo quando alguns erros são corrigidos.

Por exemplo: teve gente dizendo que o Vasco jogou pior contra o Boavista do que contra o Bangu. Alguns falaram que o Vasco não teve nenhuma chance de gol na partida. Outros disseram que escapamos de tomar uma lavada ontem em São Januário. E isso porque os caras tiveram umas duas chances de gol no jogo todo.

Volto a dizer que o time não pode esperar nada além de críticas se continuar jogando desse jeito. Mas vamos deixar a paixão na hora do jogo, quando a adrenalina está rolando. Se alguém senta pra escrever um comentário, é porque teve tempo pra pensar um pouco na partida. O Vasco anda bizarro em campo e não precisa que inventemos mais defeitos que os vários que ele já tem.

Mas vamos às atuações....

Fernando Prass - pouco trabalho no jogo e quando teve, foi bem. Quase toma um gol do meio da rua por estar um pouco adiantado, mas contou com sua velha sorte para a bola bater no travessão. Eu recomendaria ao goleirão que visse o VT da partida e tentasse aprender com o goleiro do Boavista como se sai do gol para tirar bolas alçadas na área.

Elder Granja - apesar de muitos terem criticado sua atuação, fui sua melhor partida com a armadura cruzmaltina. Apoiou quando teve espaço, arriscou algumas jogadas na linha de fundo e até finalizar, finalizou. Mal, mas finalizou. Como nem tudo é perfeito, dos vários cruzamentos que tentou durante a partida, só acertou um para o Elton (num lançamento feito da intermediária). Cansou no segundo tempo e acabou relaxando um pouco na marcação. Por isso deu lugar ao Thiago Martinelli, que entrou mais para fechar a direita no final do jogo.

Fernando - quando chegou ao time em 2008, naquele que deve ter sido o pior elenco da história do clube, ele fazia falta. Hoje ele só faz falta, mas nos adversários. Isso porque é lento demais, atabalhoado e mesmo sendo talvez o zagueiro mais experiente do elenco, comete erros infantis aos borbotões. Confesso que essa é uma análise geral do Fernando, não apenas nessa partida. O problema é que não dá mais pra ver esse sujeito no time.

Titi - também é fraco, mas em algumas jogadas consegue se impor pela força. Fora isso, toma dribles fáceis e só sabe dar chutão.

Gian - jogando no improviso, até que arriscou mais subidas do que o esperado. Aliás, tenho minhas dúvidas se ele subiu menos que o normal do Márcio Careca. De qualquer forma, deu mais segurança à defesa para as subidas do Elder Granja (o que pode até ter sido uma das razões para a subida de produção do lateral direito). No segundo tempo cansou e começou a perder a disputa com o Ruy Cabeção. Quase marcou um gol de cabeça.

Rafael Carioca - parece ainda travado demais em campo para quem já está há tanto tempo em condições de jogo. Ficou muito restrito à marcação e pouco subiu ao ataque.

Souza - está entre os jogadores que mais caíram de produção nessas últimas rodadas. Lento, disperso, errando muitos passes e, desde que o Fagner se contundiu pela primeira vez, abandonou as subidas pela direita. Nesse ritmo, vai acabar no banco.

Coutinho - jogando mais recuado que o normal, teve um primeiro tempo apagado. Com mais liberdade na etapa final, apareceu com mais frequência na frente, fazendo boas jogadas pelas laterais do campo e finalizando algumas vezes com perigo. Mas está errando passes demais.

Carlos Alberto - dá uma outra dinâmica ao time, mas por vezes irrita por não passar a bola com mais velocidade. Ainda assim, pela vontade que sempre tem nos jogos, é mesmo uma peça indispensável. Tentou muitos lances individuais no primeiro tempo e não conseguiu criar muito. No segundo, tentou passar a bola mais rapidamente, mas não conseguia mais andar por sofrer faltas a cada 30 segundos. Consegiu um pênalti e garantiu a vitória convertendo-o.

Dodô - se movimentou mais, jogando em uma posição preferida por ele mesmo. Apesar disso, não conseguiu fazer nada. Pior, em alguns momentos chegou a se embolar com o Carlos Alberto pelo meio. Finalizou apenas uma vez. Saiu para a entrada do Robinho, que deveria jogar mais aberto e dar opção de jogadas pelas pontas. Mas não dá pro cara. Acabou sendo mais visto tentando marcar o gigaencefálico Ruy que fazendo algo de útil na frente. É um daqueles que não tem mesmo condição de jogar pelo Vasco.

Elton - as limitações do rapaz são conhecidas de todos, mas ele tem sido mais efetivo que seu companheiro de ataque. Finalizou três vezes no primeiro tempo e no segundo perdeu um gol por chegar segundo atrasado no lance. Saiu para a entrada do Rafael Coelho, que sempre entra com aquele gás, mas não teve tempo de fazer muita coisa.

***

No final da partida, o Vasco conseguiu o feito de estar em campo com zagueiros nas duas laterais.

Com apenas Márcio Careca como especialista da esquerda no elenco e com o constantemente contundido Fagner e o irregular Elder Granja na direita, a crise não está apenas em uma, mas nas duas laterais.

A diretoria segue buscando reforços para o setor e Ramon, pra variar, voltou à pauta em São Januário. Mas por enquanto, tudo está na vontade. Trazer alguém de verdade, que é bom, nada até agora.

Se terminar um jogo com Gian numa lateral e Thiago Martinelli na outra não ligou definitivamente o sinal vermelho para reforços, nada mais liga.

Fonte: Blog os 4 grandes