Opinião: Nau sem destino
Um dos críticos mais ferozes do fim do passe e da Lei Pelé foi Eurico Miranda. Dizia que os clubes deixariam de ter poder de fogo e que perderia o sentido revelar jogadores, porque estes ficariam rapidamente livres para o mercado europeu, com pouco retorno para o clube formador.
Pois pegue a venda recente de Breno.
Exemplo de como o Brasil é cada dia mais exportador de craques, mas também de que é possível revelar, ser campeão, exportar e fazer dinheiro para montar um novo time.
Ocorre que o Vasco acreditou tanto em Eurico que não produz um jogador de seleção desde que Hélton chegou ao time de cima, em 2000. Alguém citará Morais, convocado por Dunga, mas que nunca se firmou nem sequer como o camisa 10 que a torcida deseja. Esse era Conca.
E Conca se foi para o Fluminense, evidenciando que o Vasco não revela, porque não acredita na lei. E que não compra, porque no Brasil só tem dinheiro para contratar bem quem tem olho ou dinheiro porque vendeu jogadores.
É triste o período de contratações vascaínas. Em que pese a chegada de Tiago, bom goleiro, autor de 13 gols no ano Rogério Ceni marcou oito , é quase piada ver chegar a São Januário Villanueva e Abubakar. Piada sem graça. Provocam ao menos alguns sorrisos as presenças de Jonílson e Calisto.
O time não tem dinheiro para reforços de primeira linha, é certo. Mas falta a visão para montar um time unindo escassas revelações a bons jogadores descobertos a custo baixo, como têm feito Botafogo, São Paulo e Cruzeiro, todos classificados acima do Vasco no último Campeonato Brasileiro.
O risco de acreditar nos danos irreversíveis da lei é deixar de revelar e ficar à mercê de um mercado de jogadores medianos, que chegam e saem sem deixar sinais.
No caso dos vascaínos, ainda há os que tratam qualquer crítica, como esta, como um dano extra ao clube. Ao contrário, só fala das vacas magras em São Januário quem quer ver o time campeão outra vez. Quem não quer, pode dizer que tudo anda bem. Anda? O Vasco entra em seu quinto ano sem títulos, período menor apenas do que os nove anos de fila entre 1936 e 1945 e os sete entre 1970 e 1977. Se levar em conta o título brasileiro em 1974, é possível chegar à conclusão que o Vasco entrará em seu segundo período mais negro, se não ganhar a taça estadual em 2008. E ganhará, com Abubakar e Villanueva? A salvação vascaína está na base. Mesmo que Eurico duvide.
- SuperVasco