Futebol

Opinião: Meu caro Leandro Amaral

Deve ter sido muito constrangedor voltar a treinar em São Januário nesta manhã... Mas você mereceu, né? Pagou com traição a quem lhe deu a mão. Pô, Leandro, você fez a gente dar razão ao Eurico! Isso é imperdoável.

Vamos refrescar sua memória, prezado centroavante. No Corinthians, você pediu para ganhar menos, disse que faria de tudo para poder continuar no Parque São Jorge. A diretoria respondeu um “não, muito obrigado, passar bem”. Foi dispensado do Palmeiras. Não conseguiu jogar no São Paulo. Foi mandado embora da Portuguesa, quando o clube estava na draga! Sua carreira parecia no fim, e um fim melancólico.

O Vasco abriu as portas para você. Pagou pouco, evidentemente, porque era um jogador “acabado”. E você aceitou ganhar pouco, porque tinha de recuperar seu espaço. Assinou um contrato modesto, como devia ser.

Assinou também uma prorrogação do compromisso (se foi uma folha em branco, meu caro, azar seu. É sua assinatura que está lá e você não é nenhuma criança). Só que aí, Leandro, você jogou demais em São Januário. Ressurgiu das cinzas como um dos mais desejados atacantes do Brasil. E o salário que ganharia em 2008 já estava pequeno para seu futebol...

O Fluminense lhe oferecia mais que o dobro. Quem não quer dobrar o salário? Mas para isso acontecer ainda em 2008 era preciso rasgar sua palavra (assinada). Você nem pestanejou para fazer isso...

Você entende a gravidade? Fortaleceu o imaginário popular de que o futebol é uma coisa de mercenários. Sei que a carreira é curta, que você perdeu muito tempo por causa do seu joelho, que precisa recuperar o que perdeu. Mas não desse jeito, né?

Um tanto humilhante ser proibido de jogar pelo tricolor na Justiça, para voltar a São Januário e ficar dando voltas no campo. Mas você mereceu. Detesto dar razão ao Eurico, Leandro. Jamais vou perdoá-lo por causa disso...

Fonte: Blog de André Rizek - Carta-Bomba