Futebol

Opinião: "Lições da derrota"

Derrotas são desagradáveis, pois nos abalam emocionalmente. A confiança que começávamos a nutrir na recuperação do nosso Vasco ficou bastante abalada.

Isso por contas de certos mitos, tais como o Botafogo é um “cocô”. Presos a esta perspectiva injusta para com o onze da estrela solitária, a derrota assume os contornos de um desastre, uma catástrofe aos nossos olhos.

Derrotas, apesar de desagradáveis, são importantes, pois nos permitem avaliar melhor as nossas fraquezas e debilidades. Por isso, é preciso trespassar os véus dos mitos que alimentam nossa paixão pelo futebol.

A nossa maior debilidade, talvez e tão somente talvez, advenha de estarmos presos a uma mentalidade extremamente conservadora. Viu-se isso ontem no campo, quando Casalberto, Coutinho e Magno, outra coisa não fizeram senão “chamar a responsabilidade para si”.

É uma idéia muito disseminada e profundamente encravada em nossa alma de torcedores apaixonados por futebol. É a visão “tradicional” do futebol brasileiro, consagrada por Mário Filho, como em um conto de fadas: Há muito, muito tempo atrás....

Apegados a esta visão tradicional do jogo, predominante na crônica esportiva carioca dos idos de cinqüenta do século passado, acredita-se piamente que a individualidade do jogador brasileiro tem poderes sobrenaturais e em passes de mágica desmonta a rigidez dos esquemas táticos dos adversários.

Observe-se com maior atenção as críticas que estavam sendo feitas ao treinador adversário. Chamou-me atenção uma: seus times jogariam algo parecido com o futebol.

Ontem, essa mentalidade sofreu um revês. O vencedor foi aquele que foi mais disciplinado taticamente. O excesso de individualismo - que foi a tônica de nosso \"desequema\" tático - facilitou as coisas para nosso algoz.

Ontem, o mito de “chamar a responsabilidade para si”, de “resolver individualmente a parada” detonou os rudimentos de disposição tática que, por ventura, o Mancini possa ter planejado. A rigidez de uma visão anacrônica – no meu ponto de vista (o que me posiciona a algumas léguas de uma verdade absoluta) – do jogo sucumbiu diante da flexibilidade do esquema tático adversário - que foi sólido defensiva e lépido ofensivamente; venceu aquele que soube aliar virtuosismo individual e configuração tática/disposição no campo com maior eficiência e eficácia.

Chato isso, mas não nos restou outra opção senão parabenizar o adversário por sua brilhante conquista!

Fonte: SUPERVASCO.COM