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Opinião: Germán Cano, um craque no meio do caos

Germán Cano é um bom atacante. Jogou mal contra o ABC, porém decidiu. Cinco gols em nove jogos. No total, o ataque cruzmaltino marcou oito gols em 2020 – Gabigol, sozinho, fez nove. Em resumo: Cano foi muito bem prospectado e contratado, mas não é o craque do Vasco.

 

Andrey, Juninho e Vinícius são ótimos. Fazem parte do futuro do Vasco e deveriam ser titulares, sem qualquer motivo de discussão. Ricardo Graça, idem. Marrony, quando voltar à boa fase, segue o mesmo raciocínio. Talles Magno, também. É uma geração ótima, dará retorno e o clube precisa dela. Mas ainda não são os craques do Vasco.

Leandro Castán e Guarín são imprescindíveis. Cada qual com sua liderança. O zagueiro impõe respeito e entendeu o tamanho do clube e a responsabilidade de vestir sua camisa. O colombiano é excelente, mesmo ainda gordinho. Joga fácil, assume os desafios e faz diferença em tudo o que faz. E ainda tem a leveza de, no meio daquele jogo caótico de ontem, ser substituído e fazer selfies com os torcedores enquanto o bicho pegava no gramado. São e serão importantes, mas também não se tratam dos craques do Vasco.

 

Citamos nove jogadores nos primeiros parágrafos. Todos tem qualidade. O Vasco ainda tem um goleiro razoável, Yago Pikachu, Raul e outros garotos. Dá para fazer um time decente e não passar sufoco na temporada. Porque o time não joga bem? Talvez pelo conjunto da obra, principalmente fora de campo. Coletivamente, evolui pouco. Aí, pode-se cobrar do treinador. Abel Braga não é o craque do Vasco.

Mas, afinal, quem é o craque do Vasco? É o mesmo de ontem, hoje e sempre. Não é um, são 11 milhões de torcedores. O Vasco, completamente desmoralizado graças a tantas administrações desastrosas, só sobrevive pelo amor da sua legião de apaixonados. O clube está triste. Funcionários sem receber e em dificuldades. Jogadores cansados de ouvir promessas decidem não dar entrevistas e, ao mesmo tempo, o protesto atrapalha a divulgação da marca. O racha político dura décadas. Haverá eleição no fim do ano e, no dia do pleito, você não sabe o que sairá da urna. Um voto, um coelho, mais promessas ou um golpe?

O Vasco está mergulhado no caos e a alegria só reaparece quando o torcedor se junta e torce por esse time ou por qualquer outro. É como cada partida desse a quem ama o Vasco a chance de poder cuidar do clube, do time e zelar pelo que é de todos que amam a instituição. 31 mil pessoas numa quinta-feira, às 21h30min, contra o ABC, num jogo mal promovido pela diretoria, é algo a ser aplaudido. E se não fosse por essa gente, pelo amor da sua gente, o Vasco não teria vencido o ABC numa partida com mais baixos do que altos.

 

No fim, após mais sufoco, desespero e pavor, o Vasco conseguiu se classificar para a terceira fase da Copa do Brasil. Bom jogo de Guarín. Passe de Raul. Assistência de Marrony. Gol de Cano. Craque do jogo: a torcida. Sem ela, o clube não resistiria. O Vasco não é para iniciantes. O Vasco é para vascaínos. O Vasco (e assim deveria ser sempre) para quem ama o clube.

Fonte: Blog de Lédio Carmona