Opinião: "Festa familiar"
Lá pelos anos 70, eu era repórter e ia diariamente a São Januário para fazer a cobertura jornalística do Vasco. O clube desfrutava de grande simpatia e era festejado por sua reconhecida hospitalidade. O técnico era Elba de Pádua Lima, o Tim, ex-craque da seleção brasileira e, então, um dos treinadores mais admirados do país. O convívio com ele, com dirigentes e com jogadores era uma festa.
Uma festa familiar, em que todos se respeitavam e se davam bem. Encerrado o treino, Tim se reunião com os repórteres numa mesa do modesto e simpático restaurante do clube, para longos bate-papos em que falávamos até de futebol. Mas não só de futebol.
Tim gostava de música — ópera, tango, MPB — e apreciava o vinho, numa época em que apreciar vinho não era modismo e tampouco era... como direi... tão chique, ou tão... como direi... esnobe. Tim era muito simples, o Vasco também.
Não raro, jogadores e dirigentes também se sentavam para participar das conversas, de onde recolhíamos entrevistas e informações.
Era assim o relacionamento com os técnicos, antes da era das entrevistas coletivas e monocórdias de hoje, que só podem agradar mesmo a pessoas de cabeça vazia. Depois me afastei. O Vasco mudou, mudou muito e mudou por muitos anos. Agora mudou outra vez.
Seu presidente, hoje, é um verdadeiro ídolo do clube e, com a volta do ídolo ao clube, fui convidado a voltar também, o que fiz na última terça-feira, com outros companheiros do GLOBO.
Foi emocionante para mim. São Januário estava quase vazio, mas fomos muito bem recebidos. São Januário estava vazio e, verdade seja dita, estava, ou melhor, está muito bonito.
Bonito mesmo, mais até do que no tempo das conversas de mesa de bar com Tim.
Não queria ser eu a receber a herança que Roberto Dinamite está recebendo da diretoria anterior, mas uma coisa tem que ser reconhecida: o estádio, o campo, as tribunas, o velho restaurante, as dependências estão bem tratadas, limpas, arrumadas, cheirosas, uma beleza. E, melhor ainda, o clube continua simpático e hospitaleiro. Fomos recebidos por (poucos) funcionários zelosos e orgulhosos de sua camisa.
Eu só queria uma coisa: que o velho estádio, com sua aparência bonita de jovem, inspirasse o novo presidente, Roberto Dinamite, a fazer a administração que o Vasco merece. Que Roberto conseguisse o quase milagre de reforçar, a um tempo, o seu cofre e o seu time, ambos desfalcados.
E, sobretudo, que conseguisse ampliar o horizonte do Vasco, rompendo os limites da panelinha pequena que se criou em São Januário, para ganhar de novo o Brasil.
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