Futebol

OPINIÃO: Escravo de intermináveis referências

O.K. Ele está completando 40 anos de idade e de, jogando em time grande, marcando gols em clássicos. E talvez seja deselegante negar-lhe aplausos. Mas às vezes a mídia exagera. Pior: fica de tal forma caolha, diante da sua presença, que esquece de enxergar o que se passa além da sua figura. O torcedor, de olhos e ouvidos ligados no jornal, no rádio e na TV, também acaba se deixando influenciar, limitando-se na observação do grande espetáculo, praticamente ignorando tudo o mais que surja ao longo da sua realização. Foi o que aconteceu no domingo. Durante e depois.
Sua participação, é evidente, também contribuiu para fabricar um tempo eletrizante de futebol, emoções lá e cá, as redes balançando sete vezes em 45 minutos. Mas há pelo menos mais dois aspectos a respeito do clássico que devem ser lembrados. Um: o Botafogo ganhou.

Dois: foi Lucio Flavio que comandou o time vencedor, marcando um e dando passes para outros três gols, sendo absolutamente decisivo. Vejam o próprio LANCE!: deu nota sete a Lucio Flavio e oito ao veterano atacante, num sinal evidente do respeito habitual e absoluto, quase subserviente, que se tem por ele.

Não há, é claro, como comparar o futebol de ambos. Seria de uma tolice absurda tal discussão.

Mas é preciso perceber e destacar que vez por outra há quem possa, como ocorreu efetivamente domingo no Maracanã, brilhar mais do que ele. Caso contrário, deixamos de analisar futebol para nos tornamos única e exclusivamente escravos das intermináveis reverências que beiram, antes de tudo, uma das mais repulsivas práticas do ser humano, a da bajulação.

Fonte: Coluna de Roberto Assaf