Opinião: entre a governabilidade e a aliança, a conta de Campello não fecha
No momento em que Alexandre Campello publicou no Facebook o vídeo de rompimento com Julio Brant, 23 horas antes da eleição do novo presidente do Vasco, qualquer observador da política do clube sabia que a única explicação possível para aquela decisão era um acordo com o grupo político de Eurico Miranda capaz de derrotar o candidato vencedor entre os sócios.
Espantosas ou não, alianças fazem parte de qualquer processo eleitoral, como tão bem nos mostra a política brasileira, e são legítimas. Mais surpreendente e raro é ver um candidato negar a união minutos após a vitória alcançada por causa dela, como fez Campello na madrugada de sábado.
- Essa é uma vitória da oposição do Vasco, que derrotou o Eurico. Não fiz nenhum acordo com ele.
Horas depois, em entrevista coletiva na tarde de sábado, o novo presidente do clube explicou que deixou a chapa original porque se considerou alijado das discussões com o grupo de Brant após a vitória entre os sócios. Ex-médico do Vasco, Campello criticou a fraqueza de seu ex-aliado entre os conselheiros.
- Se o Brant fosse eleito, o Vasco seria ingovernável.
À primeira vista, as duas declarações destacadas até agora neste texto não guardam relação entre si, mas nelas reside a contradição fundadora do mandato do novo presidente: se não há acordo com o grupo de Eurico, o Vasco de Campello é ingovernável. O discurso indica que o grupo do ex-presidente não deixaria Brant governar. Assim, quem deixará as portas abertas a Campello, sem atrapalhar a nova administração? A resposta é óbvia. Com margem pequena de arredondamento e com a ressalva de que a posição de quase 50 integrantes é desconhecida porque eles não compareceram à eleição de sexta, o Conselho do Vasco tem a seguinte composição no momento:
Eurico - 110 votos
Brant - 90 votos
Campello - 50 votos
Vale lembrar que essa fotografia do Conselho corresponde a janeiro de 2018 e pode mudar ao longo dos três anos de mandato. Mas fica claro que, sozinho, Campello não governa neste início. Depois do rompimento na véspera da eleição, o apoio do grupo de Brant se tornou improvável. Pela coletiva de sábado repleta de críticas aos "vascaínos digitais", o novo presidente não faz muita questão de contar com o ex-aliado.
- Se houve um traidor, não fomos nós. Foi a Sempre Vasco (grupo de Brant).
Logo, resta a Campello contar com os 110 votos do grupo de Eurico Miranda. Aí surgem questões importantes para o novo presidente. A primeira diz respeito à investigação da possível fraude na eleição entre os sócios de 2017. De acordo com decisão de 18 de dezembro da desembargadora Márcia Alvarenga, o ex-presidente não conseguiu comprovar a regularidade da situação dos sócios eleitores da urna 7, na qual ele obteve 90% dos votos. Campello vai averiguar os atos de seu antecessor? Se houver comprovação de fraude, Eurico e seus aliados serão punidos no clube?
Além da investigação da eleição, há diversos pontos de conflito possíveis entre a atual administração e a última. Haverá auditoria externa nas contas do clube? Serão avaliados os contratos de patrocínio (com uma empresa desconhecida) e fornecimento de material assinados na última semana da gestão Eurico? Será proposta a reforma do estatuto com eleições diretas? Será reaberta a adesão para a categoria sócio geral, com direito a voto? Haverá transparência nos contratos do futebol profissional e de base?
As respostas a essas perguntas ajudarão a definir o mandato de Campello. Dependendo de suas atitudes, o presidente perceberá que sua aliança com Eurico é tão frágil quanto era a união com Brant. Mas, nesse possível rompimento, ele passará de algoz a vítima.
Fonte: geMais lidas
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