Futebol

Opinião: Dinheiro na mão é vendaval

Volto hoje ao trabalho. No elevador, depois do almoço, pergunto a um vascaíno doente o que ele achou da contratação do Romário. Passa a mão no rosto, aquele silêncio... Sentimento ambíguo que uma contratação maluca dessas desperta no torcedor. Uma colega nossa, da revista Veja, interrompe o papo com a maior naturalidade:
Para técnico ou jogador?
É, minha gente, no esporte o ano começa mais cedo! Enquanto o resto do país pensa em voltar ao batente só depois do carnaval (ou pelo menos na semana que vem...), 2007 já está bombando no mercado da bola. E dou aqui os meus pitacos sobre como nossos clubes andam se mexendo:

O Fluminense mais uma vez começa o ano com boas contratações. Renato Silva e Luiz Alberto podem formar ótima zaga, Cícero e Soares são belas apostas, Fabinho é útil, Alex Dias pode renascer. Mas fiquei surpreso mesmo em ver que alguém contratou o Rafael Moura! Como pode uma pessoa indicar, outra aprovar e uma terceira assinar uma coisas dessas? O He-Man é dos atacantes mais pernas-de-pau que eu vi recentemente no futebol brasileiro. Tuta, quem diria, pode deixar uma saudade...

A volta de Romário, como já escrevi antes aqui mesmo, é interessante e divertida. Mas torcedor não quer ver o seu time interessante e divertido! Quer ver o seu time campeão, e isso fica mais difícil com o Baixinho de hoje por lá.
O leitor pode argumentar que em 2005 (há apenas um ano e meio, portanto) Romário foi artilheiro do Brasileiro. Sim... E o Vasco lutou para não cair.
Sem querer dar idéia, mas só faltam 10 para o gol 200 de Roberto Dinamite em Brasileiros...


O Flamengo mandou bem com Juninho (se for poupado no Estadual para poder jogar bem a Libertadores, fará bela dupla com Renato no meio-campo). De resto, tudo aposta em indicações de Ney Franco. O time ainda é uma incógnita total. Mas é muito melhor apostar nas indicações do treinador que nas indicações de empresários, como vinha predominando na Gávea.

No Botafogo, o mais legal foi ver a empolgação da torcida na reapresentação do time. Há bons motivos para isso. Dodô de volta. Luís Mário fez bons jogos pela Ponte em 2006 e ainda dá caldo. O lateral Iran, podem escrever, é muito bom. O Fogão terminou bem 2006 e começa um 2007 animador.

O Cruzeiro marcou um golaço com Paulo Autuori. Mandou muito bem com Rômulo. Marcinho é boa aposta. É sua última chance de mostrar ao que veio, se é mesmo um bom jogador ou foi apenas mais um sopro que não foi pra frente. No Palmeiras, não dava mais para ele. É quase o mesmo caso de Felype Gabriel.

Diz a lenda que uma coisa é montar um time de Série B, a outra é montar um time de série A. O Atlético Mineiro até agora vem desafiando o ditado. Não vejo problema. Primeiro semestre é para isso mesmo. Ajeitar a casa, ver quem pode ficar e quais são as carências para o Brasileiro. Se o time estiver encarando o Estadual desta forma, como laboratório para montar uma equipe que dispute bem o Brasileiro, tudo certo. O Grêmio de 2006 está aí para servir de exemplo.

O Corinthians fez contratações bizarras (para que Gustavo, Jean, Christian e Arce????), mas tudo bem. O problema lá não é elenco. O grupo está na média das boas equipes brasileiras. O problema é a bagunça, a casa da mãe Joana que é o Parque São Jorge. Com Roger, Rosinei, Amoroso, Nilmar (será?), Marcelo Mattos, César & cia dá para disputar qualquer campeonato. O problema, todos sabem, não é jogador. E como as cartolas alvinegras continuam nas mesmas cabeças(???), vai ser duro para Leão conseguir fazer o time pensar apenas em futebol.

O Santos é até agora a grande decepção. Precisa começar a contratar se não quiser apenas passear pela América do Sul na Libertadores. E precisa, pelo menos, de dois atacantes, um meia, mais um beque (Antônio Carlos, Luxemburgo??? Faz tempo que ele não joga mais nada...). Não entendo o que acontece na Vila. A hora de gastar é agora, Peixe.

Tem muita gente preocupada com o São Paulo. Perdeu Mineiro (e substituí-lo é missão das mais árduas) e até agora não fez nenhuma contratação de “peso”... Bom, eu acho que Hugo pode repor a perda de Danilo tranqüilamente. Que Jadílson pode fazer bonito na lateral e Júnior “virar” um ótimo meia (na prática, já é um armador há muito tempo).
Estes anônimos que chegam devem estar muito bem indicados (conhecendo a organização tricolor como a gente conhece). E também aposto que o clube vai trazer mais uns dois bons reforços. O São Paulo continua gigante em 2007.

O Palmeiras tem uma grande vantagem este ano, além de ter se livrado de Washington e Enílton, que dureza, em seu ataque. Em 2006, todos esperavam demais do time que era montado pelo então treinador, Leão. Este ano, não há nada além da promessa Caio Júnior que seja motivo para abrir um sorriso de esperança. O Verdão começa 2007 exatamente como terminou o ano passado: como o mais fraco dos grandes paulistas. Aguardemos pelo trabalho do Caio... Isso não vai faltar.

Em vez de reforços, o que eu mais gostaria de ver no Inter era um quadrado mágico, esse termo “maldito”, infelizmente. Já pensaram o campeão do mundo com Iarley, Fernandão, Pato e Luis Adriano juntos? Queria ver como ficaria isso. Só de vez em quando, Abelão, quando não tiver que marcar o Ronaldinho... Formação para dar espetáculo.
O Inter entra como favorito para tentar o bi da Libertadores. O Boca, sem Fernando Gago e baqueado pela perda do Campeonato Argentino, já não é o mesmo que atropelou o São Paulo na Supercopa, ano passado.

O Grêmio, ao contrário do Colorado, tem que se mexer muito. Trocar Rômulo por Tuta tudo bem, sem grandes problemas. Mas o time precisa repor a saída de Hugo à altura e, mais do que isso, trazer reforços de verdade. Schiavi, Tricolor??? Francamente...

Fonte: Blog de André Rizek - Carta-Bomba