Opinião: Criticar os grandes do Rio é chutar cachorro morto
Criticar os grandes do Rio de Janeiro, a essa altura, é um pouco como empurrar bêbado na ladeira, chutar cachorro morto... Ou chover no molhado. Mas ignorar a situação escandalosa em que se encontram seria um desrespeito à sua história e a suas imensas torcidas. Nenhum clube grande está na semifinal -na semifinal!- da Taça Rio. Eram quatro vagas... Eles não foram capazes de ser sequer segundos colocados em seus grupos.
No começo do ano, o Fluminense despontava com boas perspectivas não só no Estadual, em que parecia o favorito incontestável, mas também nas competições nacionais, nas quais tem sido o carioca mais bem colocado há anos. Alguns torcedores do Botafogo ponderavam que seu time, desacreditado, poderia surpreender -e a Taça Guanabara lhes garantiu um sorriso triunfante. O Flamengo quis se poupar no início, e houve um momento em que a estratégia, criticada após os maus resultados iniciais, parecia ter dado certo. Parecia. O Vasco... Ora, o Vasco substituiu treinos por amistosos folclóricos, pelos motivos conhecidos. Quem acha ser a melhor maneira de se preparar para um torneio? Em vez de parar o jogo e corrigir a defesa, o técnico precisava garantir que o atleta \"X\" fizesse muitos gols. Parece coisa de \"Boleiros\", o filme.
A Folha destacou ontem que os quatro, juntos, tiveram aproveitamento de 45,7% dos pontos que disputaram no campeonato -17 vitórias em 43 partidas. O Botafogo, é verdade, ainda pode ser campeão estadual. O Flamengo conseguiu ficar em 11º lugar entre 12 times. O Fluminense passou muito perto de se classificar, e o goleiro Adriano, do Volta Redonda, fez uma partida inesquecível. Mas quem chega a um jogo decisivo precisando desesperadamente de um gol para superar o Americano não pode se queixar da tarde inspirada do adversário...
Um torcedor do Flamengo ou do Fluminense que tenha passado três semanas de férias, longe de jornais e internet, deve ficar estarrecido com as novidades no comando dos times -mesmo acostumado com a vida curta dos técnicos. O Flamengo consegue promover revezamento semelhante na sua diretoria -aquele que tempos atrás foi responsabilizado pelo fracasso volta como salvador da pátria. Não chega a ser a desejável alternância no poder, porque são sempre os mesmos.
E os árbitros seguem errando escandalosamente, o código disciplinar continua sendo vilipendiado (imagine atrasar uma partida meia hora!) e, apesar de muitos torcedores preferirem um fracasso agora para que os problemas fiquem evidentes, técnicos e dirigentes mantêm-se impávidos. Kleber Leite, do Fla, queixou-se do regulamento (\"é quase um torneio!\"). Paulo Bhering, do Flu, culpou o calendário (\"jogamos só 11 dias depois de nos reapresentarmos\"). E Renato Gaúcho garante: \"Esse grupo já mostrou que, quando quer, joga de igual para igual com qualquer equipe. O futebol está nivelado\".
Como diz um amigo meu, o fracasso subiu à cabeça.
O Salvador - Romário faltou aos treinos (na verdade, sumiu) na semana do clássico contra o Flamengo. Mas Eurico acha que tudo bem, não estremece a relação. Dizem que o patrocinador do Fluminense adoraria tê-lo de volta, e comenta-se que o Flamengo não o recusaria. Então tá.
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