Opinião: considerações sobre a Eletrobrás no Vasco
Eletrobrás no Vasco
Há algum tempo corriam rumores sobre a entrada de uma estatal no Clube de Regatas Vasco da Gama, como patrocinadora do futebol. Agora, o presidente vascaíno, Roberto Dinamite, confirma os rumores e diz que as negociações com a Eletrobrás estão adiantadas e bem encaminhadas.
Bom, eis uma situação no mínimo curiosa.
A Eletrobrás não disputa mercados, seu produto tem consumo obrigatório e sem concorrência. Ela mesma nada vende, na medida em que são suas subsidiárias que produzem eletricidade e vendem-na para distribuidoras, que, por sua vez, levam-na para as casas e empresas. Nem mesmo essas empresas têm competidoras, uma vez que trabalham com áreas fechadas, onde são a única possibilidade de comprar energia elétrica.
Então, por que uma empresa como essa patrocinaria a camisa de um clube de futebol?
Já temos o exemplo da Petrobrás, que patrocina o Flamengo e é uma empresa estatal. Em seu caso ainda pode-se argumentar que ela disputa mercado de gasolina e lubrificantes com outras companhias.
Temos, também, a Liquigás, outra estatal, subsidiária da Petrobrás, que patrocina o Botafogo. Ela vende gás engarrafado para donas-de-casa e empresas. Tem, também, uma concorrência. Mas, e esse ‘mas’ nunca pode ser esquecido, precisamos lembrar que se trata de uma empresa estatal. Acho o caso da Eletrobrás mais grave ou, amenizando, muito mais incompreensível.
Os valores que foram divulgados são, também, elevados: 15 milhões de reais por ano, durante 5 anos. Se a cifra for verdadeira, será um excelente negócio para o Vasco, sem a menor dúvida.
Pela minha avaliação, o valor de mercado para o patrocínio vascaíno seria algo entre dez e doze milhões de reais. O valor de quinze parece-me, considerando exposição de mídia, elevado.
Também chama a atenção a propalada duração do contrato: 5 anos. Flamengo e Corinthians fecharam seus últimos contratos por apenas um ano, e o São Paulo está negociando seu novo patrocínio por três anos.
Fica aqui a lembrança que a administração anterior divulgou o valor do patrocínio da MRV como sendo 12 milhões anuais, quando, na verdade, era de somente 3,5 milhões. Esperamos todos que a nova gestão vascaína tenha mudado de fato, ao menos nesse ponto, o compromisso com a verdade.