OPINIÃO: Como será o amanhã?

Estava pensando em muitos temas neste fim de semana, mas ao abrir o jornal na segunda-feira vi que três dos quatro clubes mais tradicionais do Rio estão nas últimas quatro posições na classificação geral. Isso me deixou assustado, ainda que não seja uma surpresa principalmente em função de uma série de motivos que ao longo do tempo venho apresentando aqui na Conexão.

O primeiro grande erro é pensar que planejamento é simplesmente juntar jogadores e ir para algum lugar treinar. O Flamengo, ao abrir mão da Taça Guanabara, acabou agindo com uma falsa sensação de organização. Veja que agora três jogadores foram afastados por falta de condições físicas e dois atacantes que não treinaram na tal pré-temporada chegaram e tiveram lesões musculares, Luizão e Peralta. Para resumir, planejamento é começar o ano sabendo com quem vai poder contar, com o elenco nas mãos de um treinador que tenha tempo para trabalhar.

Não dá mais para usar aquela desculpa de que os chamados pequenos chegam porque estão motivados, que as ditas zebras ocorrem porque faz parte do futebol. Não dá para aceitar. O Volta Redonda está aí, a Cabofriense e o Madureira repletos de jogadores pra lá de rodados. São times preparados, sim, com um bom período de treinamento como pude constatar no próprio América que fez treinos no Centro de Futebol. Mas estão longe de meter medo apenas por isso, a Copa do Brasil está aí que não deixa me deixa mentir.

Note que Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco estariam nesse momento próximos do rebaixamento na classificação geral do Carioca pelo número de pontos nos dois turnos! Isso é vergonhoso e não tem explicação aceitável. Esta é a chamada crônica anunciada, ladeira abaixo que infelizmente já venho apontando e dizendo com muita tristeza. E olha que apesar disso tudo o lado afetivo tem sido forte, mesmo com times fracos, bom público. Cerca de 40 mil pessoas foram no meio da semana ver o Flamengo enfrentar o Madureira. Clássicos em São Paulo não deram este público.

Eu, como torcedor, sou um apaixonado pelos torneios regionais, mas o que está acontecendo é uma falta de respeito com o público. É, o Flamengo não poderia ter aberto mão do primeiro turno, tá certo. Mas o que dizer do Fluminese, que fez análise de currrículos para escolher treinador e chegou a empolgar até mesmo o amigo Junior, que esteve lá e gostou do projeto. Pois o Flu já teve dois técnicos em três meses. Do Vasco nem se fala, é o clube de um homem só que vem fazendo o que todos já estão cansados de saber. E o Botafogo muito irregular já tem um lugar na final, mas não pode e nem deve se iludir.

Nesta passagem pelo Rio pude ver alguns jogos, clássicos que tiveram até gols muito bonitos em bons jogos. Mas em geral o que observo são muitas falhas, coletivas e individuais fruto principalmente da falta de preparação adequada e dos atropelos do campeonato. Nesta fórmula de tiro curto não tem jeito, não dá para apostar em acertar a equipe com a bola rolando. E o resultado é o que se vê.

O que me preocupa é que caem mais quatro este ano no Brasileiro e está provado que o Carioca não serve como preparação para os clubes. Sinceramente eu não sei aonde a gente vai parar assim. É chato bater na mesma tecla da decadência, da falta de organização, dos desmandos do futebol no Rio, mas não há como fugir. Num momento em que o Rio de Janeiro clama por alegria em meio a tanta violência e até exército na rua, o futebol decepciona. E, como penso que o Rio é uma espécie de termômetro do país, a coisa realmente não vai bem.

O torcedor sofre e eu sofro junto. A esperança sempre existe, mas quais serão os caminhos? Mudança, isso é certo. Mas fica aqui a pergunta sobre os rumos a seguir. Está certo apenas é que o Estadual não serve como preparação e que o Rio corre o risco de passar mais um Brasilerão como coadjuvante ou lutando para escapar do rebaixamento. Mais do que isso só os dirigentes são capazes de responder... vamos torcer.