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Opinião: "bastidores da crise"

Assim que o árbitro Carlos Eugênio Simon apitou o fim da partida me ocorreu uma dúvida: quem entrevistar? Quem deveria falar pelo triste momento do Vasco na temporada? Quem poderia dar respostas lúcidas para uma torcida que sofre de três em três dias?

Foi quando vi o atacante experiente Leandro Amaral e decidi perguntá-lo sobre as lições que o grupo tiraria de mais uma derrota para o restante da perigosa luta contra o rebaixamento e pra minha surpresa, o camisa onze desfilou uma série de críticas aos companheiros e inocentou o treinador. Tita, ainda sem currículo expressivo, pulou fora do barco no vestiário e deixou o presidente Roberto Dinamite que lhe deu uma oportunidade de ouro numa rua sem saída.

Ao deixar o estádio Palestra Itália, encontrei o próprio Roberto Dinamite desolado, triste mesmo e parecendo de mãos atadas para consertar o Frankstein que herdou do ex-presidente, Eurico Miranda. Perguntei a ele, obviamente, sem gravar, sem anotar, mas como jornalista não poderia me furtar de questioná-lo sobre o momento e pra minha surpresa (parte II), o presidente falou em tom quase desesperado sobre a qualidade da equipe e sobre o adversário também:

- Os gols que sofremos… Olha o Palmeiras, o que esse time tem demais pra vencer com tanta facilidade? Eu ainda não consigo ser apenas dirigente, fico me colocando no lugar dos jogadores e vejo como o nosso time está. Desse jeito, o Odvan entra muito fácil entre os titulares. Tá difícil.

Educadamente, pediu licença e foi em direção ao vestiário. Antes, porém, eu lhe alertei sobre o que tinha ouvido do Leandro Amaral. O presidente deu meia volta e sem demonstrar qualquer reação, apenas respirou…
- O Leandro tá sempre reclamando mesmo.

Fiquei triste ao ver um ídolo naquela situação. Alguém que lutou pelo comando do clube e justamente no pior (?) momento da história recente do clube terá que responder praticamente sozinho pelas conseqüências de um possível rebaixamento. Na minha opinião, Roberto não deve e não merece carregar essa cruz. Aliás, uma cruz de malta pesada demais principalmente para ele que tanto a dignificou.

Fonte: Blog de Lédio Carmona